Desportos de sofá: cinema
Nesta parte do plano de exercícios, apenas exigimos que aprenda o mais possível sobre desporto. Pode estar em frente a um ecrã onde quiser: em casa, no ginásio ou na praia, com um tablet à prova de raios solares. Por Vogue Portugal
e Raging Bull (1980), uma das melhores parcerias de
Martin Scorsese e Robert de Niro, a Jerry MaGuire (1996), o filme que transformou Tom Cruise e René Zellweger nos “namoradinhos” da América, a história do cinema está repleta de obras que devem ao desporto a sua inspiração. Bend it like Beckham (2003), o feel good movie que catapultou
Keira Knightley para a primeira linha de Hollywood, mostra-nos o mundo, até então pouco conhecido, das jogadoras de futebol feminino, e os preconceitos que enfrentavam para aí vingarem. Field of Dreams (1989) e Moneyball (2011) apresentam duas faces distintas do beisebol, o primeiro com Kevin Costner, o segundo com Brad Pitt, e Remember the Titans (2000) leva-nos numa viagem pelo universo do futebol americano — e por mais uma excelente prestação de Denzel Washington. E depois há Million Dollar Baby (2004), em que Clint Eastwood se dirige a si próprio, ao lado de Hilary Swank e Morgan Freeman.
O filme acompanha um treinador de boxe, agente dos melhores pugilistas, que aceita treinar uma mulher inexperiente, mas promissora, que sonha tornar-se profissional. No caminho para o sucesso, uma tragédia acontece, e nem a rigidez dos ringues impedirá os intervenientes de sucumbir à dor. Million Dollar Baby consegue, sem cair em clichés, ser um retrato sombrio do sonho americano. Swank e Freeman brilham nos seus papéis, vencedores do Óscar, e a realização de Eastwood eleva o filme ao patamar de drama inesquecível. Algo que tem em comum com The Wrestler (2008), de Darren Aronofsky. A sua filmografia intensa e reconhecível marca pontos nesta obra sensível e tocante, em que Mickey Rourke tem um desempenho impressionante no papel de Randy "the Ram" Robinson, um lutador envelhecido que tenta recuperar a sua antiga fama ao mesmo tempo que tenta reconciliar-se com a filha que o abandonou e inicia uma relação com uma mãe solteira. Emocionalmente devastador, The Wrestler é uma obra-prima em que Aronofsky cria um retrato convincente do mundo do espetáculo e dos altos e baixos inevitáveis de viver na ribalta. E se este papel deu a Rourke o merecido Óscar de Melhor Ator, o mesmo parecia ir acontecer com Margot Robbie, que tem em
I, Tonya (2017), a interpretação mais convincente da sua carreira. O mockumentary negro de Craig Gillespie, onde também alinham
Allison Janney e Sebastian Stan, acompanha a carreira da ex-patinadora artística americana, Tonya Hardin, e os eventos que levaram ao infame ataque à sua colega, Nancy Kerrigan, em 1994. I, Tonya é uma sátira negra aos valores e à fama, além de ser uma análise ultraperspicaz sobre uma das figuras mais controversas do desporto do século XX.
Quando, na hora de carregar no play, a preferência recair noutro tipo de narrativas, baseadas em factos reais, os canais de streaming estão aí para ajudar. Tome nota: Hoop Dreams (1994), um dos documentários mais aclamados de todos os tempos, segue dois estudantes negros no centro da cidade de Chicago, enquanto perseguem o sonho de jogar basquetebol profissional; When We Were Kings (1996), vencedor de um Óscar, realizado por Leon Gast, recua até 1974 para um dos momentos mais célebres da história do boxe: quando Muhammad Ali e George Foreman se defrontaram no ringue para o que foi apelidado de “rumble in the jungle” (numa tradução livre, “luta na selva”) em Kinshasa, Zaire. O filme examina os contextos políticos e culturais que tornaram o combate uma ocasião tão importante numa altura em que o boxe parecia ser um reflexo de questões sociais mais vastas; At the Heart of Gold: Inside the USA Gymnastics Scandal (2019), através de imagens de arquivo detalhadas, entrevistas na primeira pessoa e depoimentos em tribunal, a obra de Erin Lee Carr narra o extenso sistema que permitiu e encobriu o abuso sexual de centenas de atletas do sexo feminino no programa da Ginástica dos EUA. A mesma linha segue Athlete A (2020), que se centra nos repórteres, ginastas e equipa jurídica que colocou o médico Larry Nassar atrás das grades e expôs décadas de abusos horríveis na USA Gymnastics. Cheer (2020) segue a equipa de claques do Navarro College, no Texas, oferecendo um olhar diferente sobre os bastidores da dedicação intensa e da competitividade necessários para ser uma líder de claque de topo.
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