Irá a Inteligência Artificial mudar a nossa forma de vestir?
Spoiler alert: sim. Por Elizabeth Holmes.
entro de uma década, a inteligência artificial deverá ter reinventado a forma como fazemos compras. Imagine um computador ou um dispositivo que, além do seu orçamento, conheça as suas medidas, as peças que já tem no armário, os eventos agendados no iCalendar e as tendências das passerelles – e use essa informação para formular o tipo de sugestões subtis que não esperaríamos de uma máquina. Por outras palavras, pode ser perfeitamente capaz de lhe dizer o que deve vestir, em vez de o que pode vestir.
A Stitch Fix já tem um algoritmo de compras que escolhe a roupa para as suas clientes (com a ajuda de uma equipa humana de stylists) sem que estas as vejam previamente. Embora a empresa não revele a sua taxa de sucesso em matéria de satisfação do consumidor, a verdade é que os seus 2,7 milhões de clientes podem esclarecer-nos sobre a qualidade do seu serviço. Já a Amazon Echo Look usa uma mistura de inteligência humana e artificial para prestar os serviços de styling. O dispositivo tem uma câmara mãos-livres que fotografa o seu look, esbate o fundo e, lhe permite através da app, catalogar o seu guarda-roupa inteiro segundo categorias de estilo (arrumou um vestido de cambraia meu na coleção fancy casual). A Style Check da app também permite ao utilizador submeter imagens de dois looks e perguntar ao Look qual é o melhor. De momento, o algoritmo e a equipa de peritos de Moda da Amazon demoram cerca de um minuto a emitir um parecer, acompanhado por uma breve explicação. No entanto, Linda Ranz, gestora de produto da Echo, diz que isso vai mudar rapidamente: “A máquina vai ficando mais inteligente ao longo do tempo.” Quando lhe fiz uma pergunta, disse-me que determinado look era o vencedor porque “as cores funcionam melhor em conjunto”. É uma resposta frustrantemente vaga, mas serve para ilustrar o potencial da ferramenta.
Há algumas áreas em que a precisão informática pode rapidamente superar a humana, sobretudo em matéria de escolha de tamanhos. Agrupar os clientes em tamanhos – médio e grande, por exemplo, ou 38 e 40 – sempre foi um sistema com falhas. O sistema de dados da Stitch Fix usa um espetro mais exato – talvez uma pessoa vista 40, mas tenha o peito pequeno ou vista o 36 e tenha as pernas compridas – e o diretor de algoritmos, Eric Colson, imagina um futuro em que teremos as nossas dimensões num chip digitalizável que nos permita encontrar sempre o tamanho perfeito.
pesar de tudo, ainda há alguns casos em que é difícil imaginar que um computador seja melhor do que a mente humana, com todas as suas complexidades. Por exemplo, uma máquina pode compreender que precisamos de um vestido para ir a um casamento, mas não a subtileza do tipo de vestido que queremos para ir ao casamento de um ex-namorado. Só uma mente humana percebe o que isso significa, diz Colson: “Ela quer estar gira.”
Ainda há muitos céticos em relação a esta tecnologia, que dizem (acertadamente) que a Moda é uma forma de arte e também um meio de autoexpressão – coisas que nenhum computador pode substituir. Tal como acontece com todos os avanços tecnológicos, o segredo é descobrir como podemos integrá-la nas nossas vidas. Por exemplo: quando estamos freneticamente à procura de um vestido e o noivo não é nosso ex-namorado. ●