Limpezas, fama e angústia
O dinheiro não chegava, mesmo a cantar em bares. Emigrou para França e limpou vidros debaixo de neve. Tornou-se estrela pop, mas o sonho esmoreceu. Voltou para triunfar
Fábio Gouveia tem agora 27 anos, mas há três já era músico em Portugal. A crise trocou-lhe as voltas e não aguentou continuar a tocar em bares à noite, por 50 euros, uma a duas vezes por semana. Com 24 anos, emigrou para França e foi limpar vidros debaixo de neve e com temperaturas negativas. Esteve assim ano e meio, a pegar no trabalho às seis da manhã e a dormir no sofá da madrinha em Annecy.
O seu sonho era a música, e só. Em 2015 junta-se a três amigos e funda a banda Jodge Trotter, apostando em sonoridades pop-rock. Uma editora suíça descobriu-os e abriu-lhes as portas do mundo dos espectáculos. Quando Fábio deu por si estavam a tocar no Grande Prémio de Fórmula 1 do Mónaco e cheios de concertos na Côte-d’Azur, na Riviera francesa. Bastou ano e meio para a desilusão se instalar na alma do cantor português: “Sei a voz que tenho e as capacidades que tenho e fiquei desiludido, senti-me desencantado com as atitudes dos colegas que me tentaram ultrapassar. E saí do grupo”, revela, à TV Guia. Fábio aterrou este Verão no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, depois do pai o ter inscrito nos castings do The Voice ,o concurso de talentos da
RTP1. “O meu pai sabia que estava desencantado com a experiência de França e inscreveu-me. Em França é tudo muito fácil, porque há dinheiro, mas quem investe, cansa-se com facilidade dos patrocinados, porque está sempre a aparecer gente nova ou que eles acham melhor”, lamenta, garantindo ter “vindo para ficar por cá e fazer carreira”.
Com a ajuda da visibilidade que lhe dará o The Voice, e com o apoio de um amigo muito especial chamado Nuno Norte, que venceu o talent show Ídolos em 2003, Fábio espera recuperar os três anos gastos em terras de Emanuel Macron:
“Vamos trabalhar juntos. Eu e o Nuno vamos escrever umas músicas e queremos lançar algo novo no próximo Verão.”