As cartas de Marcello
Ao contar a história da troca de correspondência romântica entre Marcello Caetano (na altura exilado no Brasil na sequência do 25 de Abril de 1974) e Maria Helena Prieto, o jornalista Marco Alves deparou-se logo com um problema: não havia fotos da antiga professora da Faculdade de Letras, incluindo nos livros que publicou. Nem em A Porta de Marfim, o obra em que documentou a relação. Tentou na Faculdade de Letras, mas também não conseguiu. Acabou por ser o filho de Maria Helena Prieto, contactado através das redes sociais, a ceder algumas imagens. Para o artigo que faz o destaque desta semana, o repórter falou ainda com Francisco Martinho, professor brasileiro autor de uma biografia de Marcello Caetano. Por coincidência, ele estava na reitoria da universidade a participar numa conferência sobre os 50 anos do 25 de Abril no mesmo dia em que Marco Alves foi ao edifício à procura de fotos de Maria Helena. Mas Martinho tinha o telefone desligado, e o jornalista só o encontrou depois de andar entre os conferencistas à sua procura, socorrendo-se da foto que ele tem no WhatsApp.
20 anos a ser perseguida
A psicóloga Carolina de Freitas Nunes e a sua paciente “Alexandra” (escolheu este nome fictício por questões de segurança) chegaram à redação da SÁBADO minutos antes do combinado com a jornalista Raquel Lito. Todas as semanas, “Alexandra” tem uma sessão terapêutica para tratar os ataques de pânico e ansiedade, agravados por duas décadas de stalking. O tema na secção Sociedade vem a propósito da série da Netflix Baby Reindeer, que reabriu o debate sobre o assédio persistente, através de várias tentativas de comunicação e vigilância do alvo. Além de “Alexandra”, outras vítimas de stalkers deram o seu testemunho para este artigo – algumas avançaram para tribunal e os perseguidores foram condenados. Os especialistas frisam a necessidade de tratamento das pessoas com condutas persecutórias, havendo na Associação de Psicologia da Universidade do Minho uma Unidade que trata stalkers pela abordagem psicoterapêutica, ajudando-os a reconhecer a responsabilidade criminal pelas suas ações e a motivá-los para a mudança.
Macário no meio de nenhures
Os repórteres Rita Rato Nunes e Ricardo Nascimento foram até ao Algarve, para entrevistar Macário Correia, antigo secretário de Estado do Ambiente de Cavaco Silva. Depois de 30 anos dedicado à vida política, o social-democrata decidiu deixar estas andanças e refugiou-se na casa onde nasceu e cresceu no meio da serra, na aldeia de Santo Estêvão, perto de Tavira, onde trata do seu batatal e das laranjeiras e alfarrobeiras. O lugar é isolado, e nem o GPS o reconhece. Os repórteres foram salvos por uma placa onde se lê “Caminho do Macário”, ali colocada pela Câmara Municipal.