Música O regresso dos Metronomy ao Coliseu de Lisboa
À boleia do seu sexto álbum, um retorno à forma após um ligeiro despiste, os Metronomy voltam a Lisboa para mostrar porque são um ato indispensável da indietrónica da última década – e uma das mais acarinhadas bandas britânicas em Portugal.
COMEÇOU AINDA vivia em casa dos pais, em Devon, Inglaterra. Joe Mount tinha parca experiência mas elevadas ambições, inspirado nos grandes artistas que compunham e tocavam os seus discos na íntegra, como Prince.
De escrever canções no quarto passou a frequentar a cena musical de Brighton, fazendo DJ sets e apresentando-se a solo já como Metronomy
– um nome que “soava fixe” e cuja referência ao metrónomo se ligava imediatamente à rigidez das batidas sintéticas.
Neste registo, surgem os primeiros dois discos, Pip Paine (Pay the £5.000 You Owe) (2005) e Nights Out (2008), maioritariamente de eletrónica instrumental e cujo gosto por sintetizadores esdrúxulos só é páreo para a leveza do seu descomprometimento.
Seria, de resto, uma qualidade pela qual os Metronomy ficariam conhecidos, mas foi
Em Metronomy Forever, o seu sexto álbum, o grupo liderado por Joe Mount volta a soar a um coletivo e promete encarnar o papel na passagem pelo Coliseu dos Recreios, dia 17
apenas com a constituição de um grupo propriamente dito – Oscar Cash em diversos instrumentos, Olugbenga Adelekan no baixo e Anna Prior na bateria – que a banda passou de projeto-capricho de Mount para nome a ter em atenção no panorama britânico.
A direção artística, no entanto, nunca deixou de pertencer a Mount, e pela voz dos dois discos seguintes, os aclamados The English Riviera (2011) e Love Letters (2014), a sua receita de indie-pop contemporâneo,
ritmos eletrónicos e uma pitada de música do mundo tornou-se internacionalmente reconhecida. Pelo caminho, trouxeram a música de dança para o formato ao vivo (trabalhando as batidas sintetizadas lado a lado com as acústicas) e, através de
remixes de originais de Gorillaz, Franz Ferdinand ou Lady Gaga, a música ao vivo para as pistas de dança.
2016 trouxe a primeira verdadeira deceção: Summer 08
foi o primeiro disco de Metronomy desde Nights Out a ser inteiramente gravado por Mount, e, talvez por isso, a não gerar particular furor junto do seu público – o que terá tornado o sucesso do seu mais recente, Metronomy Forever,
de 2019, tanto mais especial.
Com um título que parece celebrar o legado do nome, as 17 faixas percorrem todas as fases da banda, da eletrónica cerebral da cena independente britânica à imersão na pop grandiloquente e cosmopolita. Agora um quinteto (com Michael Lovett a tocar mais guitarras e sintetizadores), os Metronomy voltam a soar a coletivo, e prometem encarnar o papel na passagem da digressão de Metronomy Forever por Lisboa: do alinhamento têm feito parte canções como The Bay, Corinne, Reservoir, The Look, Lately, I’m Aquarius ou
Salted Caramel Ice Cream – os maiores hits, portanto. W