SÁBADO

Música O regresso dos Metronomy ao Coliseu de Lisboa

À boleia do seu sexto álbum, um retorno à forma após um ligeiro despiste, os Metronomy voltam a Lisboa para mostrar porque são um ato indispensá­vel da indietróni­ca da última década – e uma das mais acarinhada­s bandas britânicas em Portugal.

- Por Pedro Henrique Miranda

COMEÇOU AINDA vivia em casa dos pais, em Devon, Inglaterra. Joe Mount tinha parca experiênci­a mas elevadas ambições, inspirado nos grandes artistas que compunham e tocavam os seus discos na íntegra, como Prince.

De escrever canções no quarto passou a frequentar a cena musical de Brighton, fazendo DJ sets e apresentan­do-se a solo já como Metronomy

– um nome que “soava fixe” e cuja referência ao metrónomo se ligava imediatame­nte à rigidez das batidas sintéticas.

Neste registo, surgem os primeiros dois discos, Pip Paine (Pay the £5.000 You Owe) (2005) e Nights Out (2008), maioritari­amente de eletrónica instrument­al e cujo gosto por sintetizad­ores esdrúxulos só é páreo para a leveza do seu descomprom­etimento.

Seria, de resto, uma qualidade pela qual os Metronomy ficariam conhecidos, mas foi

Em Metronomy Forever, o seu sexto álbum, o grupo liderado por Joe Mount volta a soar a um coletivo e promete encarnar o papel na passagem pelo Coliseu dos Recreios, dia 17

apenas com a constituiç­ão de um grupo propriamen­te dito – Oscar Cash em diversos instrument­os, Olugbenga Adelekan no baixo e Anna Prior na bateria – que a banda passou de projeto-capricho de Mount para nome a ter em atenção no panorama britânico.

A direção artística, no entanto, nunca deixou de pertencer a Mount, e pela voz dos dois discos seguintes, os aclamados The English Riviera (2011) e Love Letters (2014), a sua receita de indie-pop contemporâ­neo,

ritmos eletrónico­s e uma pitada de música do mundo tornou-se internacio­nalmente reconhecid­a. Pelo caminho, trouxeram a música de dança para o formato ao vivo (trabalhand­o as batidas sintetizad­as lado a lado com as acústicas) e, através de

remixes de originais de Gorillaz, Franz Ferdinand ou Lady Gaga, a música ao vivo para as pistas de dança.

2016 trouxe a primeira verdadeira deceção: Summer 08

foi o primeiro disco de Metronomy desde Nights Out a ser inteiramen­te gravado por Mount, e, talvez por isso, a não gerar particular furor junto do seu público – o que terá tornado o sucesso do seu mais recente, Metronomy Forever,

de 2019, tanto mais especial.

Com um título que parece celebrar o legado do nome, as 17 faixas percorrem todas as fases da banda, da eletrónica cerebral da cena independen­te britânica à imersão na pop grandiloqu­ente e cosmopolit­a. Agora um quinteto (com Michael Lovett a tocar mais guitarras e sintetizad­ores), os Metronomy voltam a soar a coletivo, e prometem encarnar o papel na passagem da digressão de Metronomy Forever por Lisboa: do alinhament­o têm feito parte canções como The Bay, Corinne, Reservoir, The Look, Lately, I’m Aquarius ou

Salted Caramel Ice Cream – os maiores hits, portanto. W

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal