LITERATURA POLICIAL HISTÓRIA DE SUCESSO – I
Mário Soares, Jorge Sampaio, o que podem ter em comum para além das coisas públicas que todos lhes conhecemos?
Pois bem, ambos se confessaram e assumiram como leitores atentos de livros policiais!
Com um pouco de ginástica mental, podemos imaginar Mário Soares como admirador de um Maigret desengonçado e pesadão, ou Jorge Sampaio a seguir, deliciado, um caso do mais “cabeça de ovo” da história do policial, o sempre atuante Poirot!
O que faz dos romances policiais uma das leituras mais apreciadas em todo o mundo e em todas as épocas? Que sortilégio terá? Será apenas a sua vertente desafiante da inteligência, ou, mais que isso, um misto de aventura e mistério, com uma porção de raciocínio, q.b.?
Digamos em abono da verdade que nada no policial foi – ou é – pacífico. A começar pela paternidade, em que se digladiam diversas correntes de opinião, que nos remetem para a Bíblia ou para escritos chineses ou, mais modernamente, para Voltaire ou Dostoievski. Mais aceite é, no entanto, Edgar Allan Poe, como o pai do romance policial com características dedutivas, em 1841, com a publicação de Os Crimes da Rua da Morgue no Graham’s Magazine.
Seja como for, o policial acaba por carregar um fardo como “casa mal frequentada”, porque nasce de um alcoólico Poe, prolonga-se e atinge um grau de popularidade inimaginável com um Sherlock Holmes consumidor de cocaína; se implanta e desenvolve em Portugal, tendo como cultores um Fernando Pessoa com problemas alcoólicos ou um Reinaldo Ferreira (Repórter X) morfinómano...
De literatura de cordel, que foi considerada durante longo tempo, até às declarações de um Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, de que pretendia escrever um romance policial, o caminho foi longo e difícil, cá como no resto do mundo. W