MELHORES SETENTÕES DO ROCK NÃO HÁ
WHO
k Os The Who são velhos conhecidos. O primeiro contacto surgiu na infância e resumia-se ao trautear de algumas melodias. Depois, na adolescência,
My Generation tornou-se um hino antes de se tornar uma contradição. Houve momentos em que desprezei os The Who: como é que Roger Daltrey se atrevia a cantar “hope I die before I get old”, enquanto fazia digressões aos 60 anos? Volvidos alguns anos, além de
Tommy (1969) ser um dos meus álbuns preferidos, há meia dúzia de canções da banda que continuam a integrar com regularidade as minhas playlists.
Ainda que possa parecer exagerado, WHO, o 12º álbum de estúdio dos The Who, é sem dúvida o melhor disco da banda em 40 anos. Townshend e Daltrey, tendo mais de 70 anos, parecem ter regressado aos 30. As letras focam-se, precisamente, no envelhecimento – e cantam-no da mesma forma que há mais de 50 anos celebravam a juventude – e o nível de decibéis debitados envergonha grande parte das bandas rock atuais. O álbum começa com Daltrey a cantar “I don’t care/I know you’re gonna hate this song” (em All This Music Will Fade), mas bem podia começar com Got Nothing to Prove que também ilustra perfeitamente o mote do álbum: “When I was a little younger/ I had to justify my angst (…) /Got nothing to prove anymore.” Pelo caminho, temos “We were shits, so no disguise/ We tried hard to stay young”
(em I Don’t Wanna Get Wise).
WHO é rock’n’roll sem preconceito e é saber envelhecer e em paz consigo mesmo. Townshend e Daltrey assumem a sua idade, pontualmente regressam ao passado para, sem procurar justificar-se, explicarem onde estão hoje. WHO
foge do ridículo como o diabo da cruz e é, sem dúvida, o melhor disco rock do século XXI feito por alguém que começou a carreira nos 60s. Finalmente, artistas com 70 anos têm material decente para uma digressão, sem ficarem encalhados nos êxitos do passado. Ouviram, Stones? W