SENSUALIDADE HUMANISTA NO CAPITÓLIO
Agressão e rispidez não fazem parte do vocabulário de Sevdaliza, a cantora irano-holandesa que faz da música um tributo à sua origem. Canta em Lisboa na quinta, 29
Sevdaliza mostra o seu álbum de estreia, ISON,eo EP TheCalling, no Cineteatro Capitólio, em Lisboa, no dia 29 de Novembro, quinta, às 21h. Os bilhetes custam €20
OS SONS empregues evocam o legado do trip-hop dos anos 90: o peso das batidas à Portishead e a riqueza orquestrativa dos Massive Attack cruzam-se no repertório de Sevdaliza, mas a cantora diz não ser “necessariamente atraída por géneros, mas pelo processo e por estados de espírito, como a melancolia”. Estas qualidades e outras tantas levaram a que, na sua estreia em Portugal, este ano, no Super Bock Super Rock, fosse consagrada uma das mais promissoras apostas na sua área, que engloba electrónica, R&B e música tradicional persa. De nacionalidade holandesa mas nascida na capital iraniana, Teerão, Sevdaliza licenciou-se em Comunicação, tornando-se fluente em cinco línguas (do inglês ao português) antes de se dedicar a tempo inteiro à música. Aconteceu em 2014, com a edição do primeiro single, Clear Air, cujo vídeo deu imediatamente nas vistas. Seguiram-se Sirens ofthe Caspian e Backseat Love, que lhe deram a confiança que há muito buscava e a força para dominar a ansiedade que a mantinha longe da ribalta, e avançou para o EP de estreia, The Suspended Kid, no qual trabalhou um ano e meio, fazendo jus à sua faceta perfeccionista, e para canções e vídeos conceptuais, a abordar diferentes dores da humanidade e a apontar o dedo a desumanidades várias, da violência contra as crianças e as mulheres à fome, guerra e morte de inocentes, passando pelas dificuldades de refugiados – como em tempos foram os seus pais, obrigados a trocar o Irão pela Holanda, tinha ela 5 anos. Tal ascendência ganhou relevo na sua música em 2017, com a edição de Bebin, tema anti-racista escrito em persa. Identidade num tempo de mudança, diluição de fronteiras e o ciclo da vida baseado no amor inspiraram-lhe depois ISON (nome de cometa próximo do sol), o álbum de estreia, que traz a Lisboa juntamente com o EP The Calling ,e Humana, versão em português (com sotaque do Brasil) de Human, que lançou para agradecer os 10 milhões de visualizações que alcançou no YouTube.