Uma questão de civilização
h Graça Fonseca, a ministra da Cultura recém-chegada ao Governo, já garantiu um lugar na história deste Orçamento. Foi logo no segundo (e último) dia do debate na generalidade do documento que a governante disse uma frase que a haveria de perseguir pelas semanas seguintes. “A tauromaquia não é uma questão de gosto, é uma questão de civilização”, afirmou depois de ser acusada pela deputada do CDS Vânia Dias da Silva de estar a impor uma “ditadura do gosto” ao manter o IVA das touradas nos 13%, depois de baixar para 6% o imposto pago pelos espectáculos.
Não foi tão marcante, mas também fica para a história a dramatização ensaiada pelo primeiro-ministro a propósito das propostas de alteração apresentadas pela oposição. Segundo as contas do Governo, se todas essas propostas fossem aprovadas, haveria um agravamento do défice em 5,7 mil milhões de euros. António Costa não fez as coisas por menos e tratou de avisar para uma possível “tragédia orçamental”. O recado podia ser visto como indo certeiro aos parceiros da esquerda. E se é verdade que esses são em parte os destinatários da mensagem, a farpa maior estava guardada para a direita: Costa quer garantir que fica na fotografia como o governante das contas certas. “Pois o campeão do despesismo orçamental é nem mais nem menos do que o CDS e quem tem a medalha de prata é o PPD-PSD”, atacou.