SÁBADO

NA QUINTA DO PISÃO, ARTE E NATUREZA MISTURAM-SE

No Parque Natural de Sintra-Cascais, uma instalação do artista Stuart Ian Frost alerta para as alterações climáticas. Oportunida­de para dar um passeio, visitar a horta biológica e respirar ar puro.

- Por Markus Almeida

lado do tronco e olharmos para cima, parece haver lágrimas a cair”, começa por observar Sofia Barros, a propósito da escultura Rise and Fall, que está na Quinta do Pisão, Parque Natural de Sintra-Cascais, desde o início deste Verão. Desafiada pela Câmara Municipal de Cascais a criar uma intervençã­o no parque, Sofia, com um percurso ligado à direcção de projectos artísticos, convidou o artista ambiental Stuart Ian Frost a conceber e implementa­r Rise and Fall.

“Porque o escolhi? O Stuart viaja pelo mundo inteiro, é um artista estabeleci­do e o conceito dele é trabalhar em zonas onde o impacto do Homem se faz sentir na natureza e isto é um exemplo perfeito para ele”, explica a directora artística. Um eucalipto que secou e morreu em 2017 devido à falta de água foi o ponto de partida da escultura. “Recorde-se”, continua Sofia, “que nesse ano Portugal sofreu uma seca extrema que tornou a paisagem rural mais vulnerável a fogos florestais”.

Na superfície da árvore com 15 metros de altura, o artista inglês cravou gotas de água no tronco e nos ramos, em alusão à seca. Ao mesmo tempo, “a árvore deita lágrimas de tristeza sobre o que está a acontecer no planeta”. Foram três semanas de trabalho intenso em que a árvore foi despida da sua

Pequenos animaiscom­o o pica-pau já integraram a obranoseu habitat—afinal, a conservaçã­o da fauna efloraloca­isé um adas missões da Quinta do Pisão

casca e a superfície tornada uniforme com uma lixadeira. “A seguir, a equipa que trabalhou no projecto assinalou as gotas com marcações e só então, e à mão, é que as centenas de buracos foram esculpidos”. Pequenos animais como o pica-pau já integraram a obra no seu habitat – afinal a conservaçã­o da fauna e flora locais é uma das missões da Quinta do Pisão.

O caminho até à árvore obriga a um pequeno passeio que é uma grande oportunida­de para se descobrir um parque natural com paisagens incríveis, ateliês e actividade­s didácticas para as crianças, como passeios de burro ou de cavalo, observação de pássaros, passeios interpreta­tivos e ainda uma horta biológica de dois hectares onde pode arrancar os próprios vegetais da terra. Não dá desconto, mas sabe bem.

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A intervençã­o artística foi feita numa árvore com 15 metros da espécie Eucalyptus globulus que secou e morreu em 2017
 ??  ?? A Quinta do Pisão tem 355 hectares. A Casa da Cal é como se chama o seu novo Centro de Interpreta­ção da Natureza
A Quinta do Pisão tem 355 hectares. A Casa da Cal é como se chama o seu novo Centro de Interpreta­ção da Natureza

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