O spin doctor e o desprazer de Santos
Da lotv ai ser hoje titular, uma recompensa para a boa forma que atravessa, faltando apenas confirmarse Cancelo se mantém no lado contrário( o mais provável) ouseé recup era doRaphaël Guerreiro. Qualquer um adas soluções será boa. Cancelo fez um bom jogo com a Coreia. Talvez não ainda ao nível que encantaGu ardi ola e que, na minha opinião, o transformo uno melhor lateral da história do futebol português. Mas nuncaé fácil manter a estabilidade emocional adequada quando se lida com ‘f ri endlyfire’ ,p ara usar um eufemismo militar…
çFernando Santos não gostou “mesmo nada” de saber que Cristiano Ronaldo o retrucou e prati- camente destratou em pleno rel- vado, mas diz que o distúrbio se dirimiu “dentro de casa” e que o assunto está “resolvido”. Quem conhece minimamente os dois protagonistas pode tentar decifrar que o capitão da Seleção se terá provavelmente penitenciado, no recôndito do balneário, dos seus excessos verbais. Mas o que é absolutamente certo é que Ronaldo se vai manter a titular. O selecionador decidir o contrário, como satirizou um amigo meu, é tão provável como o André Ventura passar o Natal num acampamento cigano.
Se obliterarmos o facto de um qualquer ‘spin doctor’ da FPF ter fracassado estrondosamente na tentativa de controlar os estragos e de mascarar o que realmen- te aconteceu (convém não esque- cer que Ronaldo foi impelido a ir à zona mista confirmar a tal versão inautêntica, por incompleta), o mais interessante vai ser desco- brir se o episódio frente à Coreia do Sul vai ou não condicionar Fernando Santos quando saltar à vista que a melhor decisão para defender os interesses da Seleção é substituir Ronaldo…
Claro que têm razão aqueles que
recordam situações idênticas protagonizadas por outros craques que não aceitaram bem as substituições. O problema é que, neste caso, o treinador vilipendiado sempre andou (tal como a própria FPF) com Ronaldo nas palminhas, amparando-o de uma forma paternal e até excessiva em todos os momentos. Fer- nando Santos não merecia tama- nha descortesia, mas, como na fá- bula do escorpião e do sapo, Ronaldo
JOGO COM A COREIA DEVIA TER SERVIDO PARA
MORALIZAR UM ANDRÉ SILVA DESCONSIDERADO
não conseguiu lidar com a sua própria natureza, como já vá- rios outros treinadores haviam descoberto no passado e também mais recentemente.
Certo é que este incidente não terá contribuído para a unidade de um grupo que é menos matrimoniado do que se quer fazer crer e que, na primeira semana, já tinha tido de lidar com a polémica entrevista ao pseudo jornalista Piers Morgan e com o vídeo da chegada amuada de Bruno Fernandes ao balneário da Seleção, sendo que, na segunda, teve ainda de se dispersar com o lado bur- lesco da reclamação de um golo em que a tecnologia de ponta provou que a bola não foi tocada nem por um cabelo (e já nem vou falar no burburinho criado pela rescisão com o United ou pelo propalado e ainda não efetivo acordo com os árabes).
Mas o verdadeiro pecado original aconteceu ainda antes do início do jogo com a Coreia. Porque Ronaldo nunca deveria ter sido ti- tular nesse jogo, em que a genera- lidade dos titulares foram poupa- dos. Ora, se o melhor jogador por- tuguês de todos os tempos tinha dado sinais claros de estar desgas- tado muitos minutos antes de ser substituído (aos 82´) frente ao Uruguai, ninguém mais do que ele precisava de ser resguardado para se apresentar viçoso no deci- sivo duelo de hoje com a Suíça.
Ronaldo jogou porque quis jogar e porque está com uma empáfia sôfrega de bater um recorde da treta. Mas esse jogo com a Coreia deveria ter servido sim para moralizar minimamente um André Silva que, ultimamente, tem sido desconsiderado na Seleção de uma forma difícil de interpretar. Após ter terminado 2021/22 com 17 golos e 6 assistências numa Bundesliga em que serve o competitivo Leipzig e onde tinha a concorrência de Nkunku (e agora também de Timo Werner), não foi sequer chamado para rivalizar com Ronaldo nas últimas duas jornadas da Liga das Nações. E, no Mundial, passou de segunda alternativa para quarta ou quinta, tendo apenas direito a mostrar-se nos instantes finais do referido encontro com a Coreia.
Aliás, nesse mesmo jogo quase a
‘feijões’ também é muito difícil entender como ficaram de fora todos os jogadores em risco disciplinar, menos Rúben Neves, como se este fosse um elemento prescindível para os ‘oitavos’ e até desse jeito limpar-lhe o cadastro. E quando hoje William (que o selecionador sempre catalogou como um 8 e nunca como um médio defensivo) ocupar o seu lugar no 11 titular, o próprio Rúben Neves terá razões para se interrogar se são mesmo verdadeiros os sussurros de que fica mais fácil manter-se na equipa quando se tem os amigos certos no balneário. Sendo que isso é uma justificativa pérfida para o próprio William, que é um belíssimo médio e tem vindo a exibir-se a alto nível no Bétis.