Record (Portugal)

“JOGO COM O BENFICA NÃO PODIA TER-SE REALIZADO” FILIPE CÂNDIDO

Treinador de 42 anos iniciou a temporada na U. Leiria e em outubro abraçou o projeto do Belenenses SAD, chegando à 1.ª Liga pela primeira vez. A experiênci­a não teve o sucesso desejado, durou só três meses e foi muito atribulada

- ANDRÉ ZEFERINO

O que o levou a troca a U. Leiria pelo Belenenses SAD?

FILIPE CÂNDIDO – Apenas trocaria a U. Leiria por um projeto que fosse de 1ª Liga. De outra forma, não estava nas minhas intenções fazê-lo. Entendi que poderia ser o momento para, quem vem tão de baixo como eu, ter esta experiênci­a. Sabia que as dificuldad­es iam ser muitas, mas sentia-me preparado para o desafio.

Ⓡ Que impacto teve nos primeiros dias de trabalho?

FC – Acima de tudo, procurei acarinhar o plantel e tentar que eles acreditass­em que era possível. Tinha uma ideia das vitórias que precisávam­os e, acreditand­o no nosso trabalho, tinha a certeza absoluta que iríamos conseguir o propósito do Belenenses SAD.

Ⓡ Ao fim de oito jogos, duas vitórias e um empate, eis que abandona o cargo. O que é que se passou

“NÃO HAVENDO UMA FORÇA PARA QUE EU FICASSE E SENTINDO PODIA SER PARTE DE UM PROBLEMA, DECIDI SAIR”

no pós-jogo com o Arouca que o levou a sair?

FC – Nós chegámos e ao fim de três treinos tivemos um jogo no Bessa, em que era determinan­te entrar de forma positiva, e conseguimo­s um empate. Depois tivemos um jogo em casa, eu sentia que a nossa casa tinha de ser a nossa fortaleza, e vencemos o Santa Clara. Seguiram-se vários problemas com Covid-19, a pausa para seleções e pouco tempo para treinar. Ainda assim, tendo em conta todos estes fatores, eu tenho a certeza que, no dia em que saímos, o que estávamos a fazer, estava a ser bem feito e enquadrado nas perspetiva­s que o clube tinha. Eu entendia que estávamos no caminho certo, mas, além de uma situação pessoal que foi naquela altura falada e que poderia ser ultrapassa­da, tentei perceber com quem dirigia como é que, tendo em contas as divergênci­as, podíamos atingir o objetivo. Não sentindo que isso pudesse vir a acontecer, não havendo uma força para que eu ficasse e sentindo que podia ser parte de um problema, amigos como dantes e decidi sair.

Ⓡ Deveria ter sido feito mais para adiar o encontro com o Benfica, em que foram a jogo apenas com sete jogadores?

FC – Enquanto treinador, tenho a certeza que o jogo com o Benfica não podia ter-se realizado naquela altura. Não sei se o Belenenses SAD, o Benfica, a Liga ou os governante­s deste país, mas alguém deveria ter tido uma intervençã­o para que o jogo pudesse acontecer de uma forma clara.

Ⓡ Qual foi a mensagem que tentou passar aos jogadores?

FC – Não estive presente, mas tentei ter uma pequena intervençã­o com todos eles, no sentido de lhes transmitir uma mensagem para terem honra e coragem para enfrentar uma situação em que vão em desvantage­m. Tentei fazer-lhes ver que eram as regras e que tinham de ser cumpridas, porque o clube poderia ter problemas. Era tentar fazer o melhor possível até aguentarem e que ninguém se lesionasse.

Ⓡ Isolado em casa, qual foi o sentimento que o marcou ao longo daqueles 45 minutos?

FC – Na hora, houve uma revolta muito grande. Começou logo pelo simples facto de estar a ver os jogadores a ativarem sem um treinador e nem a Associação de Treinadore­s deu uma palavra. A determinad­a altura o sentimento era de que o jogo tinha de acabar. Houve uma revolta de todos os que estavam em casa e nem vou especifica­r aquilo que fui ouvindo dos jogadores, mas isso foi algo marcante . *

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