O que o futebol espera

çAntigamente falava-se de uma Lei 18, que não estava escrita no livro (são 17 as Leis de Jogo) mas que os árbitros tinham de ter presente: a ‘lei do bom senso’. Há alguns anos essa ‘lei’ passou a estar escrita de forma muito simples e discreta – até demasiado discreta – quando o IFAB adicionou um texto intitulado ‘A filosofia e o espírito das Leis’, no qual refere que “espera que o árbitro tome uma decisão dentro do ‘espírito’ do jogo, o que muitas vezes implica fazer-se a pergunta ‘o que é que o futebol quereria/esperaria?’”. Serve esta introdução para abordar um dos lances mais marcantes da jornada: a expulsão do guarda-redes do Arouca frente ao Benfica. Foi um lance em que o árbitro optou por não sancionar um fora-de-jogo assinalado pelo assistente ao ataque do Benfica, em virtude de a bola ter ficado nas mãos do guardião. Em teoria fez bem porque seria mais vantajoso para o Arouca que o guarda-redes pudesse sair a jogar. O que aconteceu a seguir é que baralhou tudo: Victor Braga pensou que o árbitro tinha apitado, libertou a bola e tudo terminou com este a ser expulso por anular uma ocasião clara de golo. O árbitro cometeu algum erro à luz das Leis de Jogo? Não. O árbitro, ao ‘permitir’ que uma equipa fosse penalizada com uma expulsão no seguimento de um lance que era suposto ser de vantagem para essa equipa, fez o que o futebol quereria/esperaria? A resposta fica ao critério de todos os adeptos...