Record (Portugal)

Aprender com o bronze de Jorge Fonseca

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João Socorro Viegas

O bronze para Jorge Fonseca nos Jogos Olímpicos deve ser motivo de regozijo mas, ao mesmo tempo, de reflexão. Porque uma medalha, ou mesmo um diploma (tantas vezes desvaloriz­ado...), são resultado de anos de trabalho que começa na captação e na formação. Não há ‘pronto a comer’. Criar campeões leva tempo e obriga a muito esforço.

Fonseca descobriu o judo através do desporto escolar.

É aqui que muitas vezes começa o processo, que depois segue o seu curso através dos clubes. Mas a pandemia veio colocar um travão de mão. Um estudo revelado no início do ano

PANDEMIA PROVOCOU QUEBRA NO DESPORTO JOVEM, A BASE DO SUCESSO OLÍMPICO

dava conta de que o número de jovens praticante­s nas principais federações caiu para mais de metade. E os efeitos no desporto escolar, por exemplo, ainda estão por apurar, com meses de escolas fechadas.

Não nos iludamos. Muitos desses jovens não voltarão

à prática do respetivo desporto nesta gradual retoma. E entre os que regressam, mesmo aqueles com maior potencial, não é garantido que compensem o tempo perdido, numa fase fundamenta­l para a sua evolução.

O efeito da pandemia no desporto jovem é, provavelme­nte, aquele que se sentirá daqui a mais tempo.

Por isso, são precisas vistas largas e uma aposta robusta para combater este sério problema. Ou conquistas como a de Jorge Fonseca arriscar-se-ão a ser uma raridade em Los Angeles’28 e Brisbane’32. Que a ‘bazuca’ possa ser usada sabiamente...

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