Record (Portugal)

A PRESSA FOI AMIGA DA PERFEIÇÃO

Sem pernas para os 90 minutos, o melhor que podia ter acontecido ao leão foi resolver cedo o jogo. Está quase tudo por fazer, mas já há ideias

- CRÓNICA DE VÍTOR ALMEIDA GONÇALVES

O que é a perfeição em futebol? Ganhar. A partir daqui, todas as análises são possíveis e todas vão ajudar a perceber que o jogo do Sporting ontem esteve longe de ser perfeito. A verdade é que, no primeiro jogo da época, não se poderia pedir muito mais. E nem é preciso invocar as semanas que antecedera­m o encontro ou o facto de o grupo ter ficado privado do treinador principal e de nove jogadores devido à pandemia de Covid-19. Reunidos os argumentos que explicam a ausência absoluta de nota artística na exibição dos leões, o que importa realçar é o que fica para a história desta temporada: vitória por 1-0 sobre o Aberdeen e objetivo alcançado. A fase de grupos da Liga Europa está, agora, a um playoff de distância. Mas, sim, será necessário fazer muito melhor para ultrapassa­r o LASK Linz, na próxima 5ª feira, em Alvalade.

Surpresas para todos os gostos

Em controlo remoto, e com Emanuel Ferro a dar voz de comando no banco, Rúben Amorim apresentou uma surpresa no onze. E não foi Tiago Tomás, porque só quem andasse distraído ou não tivesse acompanhad­o a pré-época do Sporting poderia considerar ‘TT’ um intruso. Nada mais errado. O ‘menino’ de 18 anos conquistou o lugar por mérito próprio e ontem fez questão de provar que o que ficou para trás não foi mera coincidênc­ia. Jogou Tomás... ficou Sporar no banco e, aqui sim, o técnico conseguiu surpreende­r. Jovane ocupou a posição ‘9’ e Vietto, a despeito de ter falhado a primeira metade do estágio, por ter testado positivo ao novo coronavíru­s, completou o tridente ofensivo. De resto, tudo como esperado, com as estreias dos reforços Adán, Feddal e Porro, este em altíssima rotação. Se Amorim procurou baralhar o Aberdeen no ataque, os escoceses tentaram fazê-lo pela estratégia e pela tática: em vez do 3x4x3 habitual, Derek McInnes montou a equipa num 3x5x2 mais defensivo, com a ideia de ganhar vantagem na zona do meio-campo. Talvez o plano fosse bom, no papel, mas na prática faltaram os intérprete­s. E, assim, não foi difícil ao Sporting tomar conta do jogo.

Candeia que vai à frente...

Haveria de ser esse o segredo da vitória: uma boa entrada. E pode

dizer-se que, neste caso, a pressa foi amiga da perfeição, porque foi esse arranque a todo o gás que garantiu o triunfo. Numa transição em falso do Aberdeen, com o Sporting a pressionar alto, Wendel roubou a bola a McCrorie e colocou-a em Vietto. O argentino desequilib­rou a defesa contrária em dribles sucessivos e soltou, na hora agá, para Tiago Tomás, que apareceu no sítio certo, à hora combinada e fez o golo, com frieza germânica. Estava feito o mais difícil, que era quebrar o gelo. E os minutos seguintes até mostraram uma equipa com muitas, e boas, ideias. O problema é que faltaram as pernas e, antes disso ainda faltou acerto a Jovane (40’) e TT (56’). E, nos últimos minutos, ao arriscar tudo, o Aberdeen esteve perto de levar o jogo para prolongame­nto, por intermédio de Hedges (62’ e 87’), o melhor jogador do adversário. Sem pulmão (Wendel e Jovane deram o ‘estoiro’), valeu a experiênci­a do sector mais recuado e um par de cortes providenci­ais de Feddal (78’) e Coates (89’). As substituiç­ões terão chegado tarde, mas pouco acrescenta­ram. A manta está curta. E no domingo há mais, em Paços de Ferreira. *

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