Record (Portugal)

“Penso que sou o melhor”

AO JOVEM LATERAL QUE CONQUISTOU ALVALADE NUNO MENDES REVELA QUE A AUTOCONFIA­NÇA É UM TRUNFO

- TEXTOS RICARDO GRANADA FOTOS LUÍS MANUEL NEVES

“Treinei no Benfica, mas o Sporting cativou-me” “Por mim, até acabava a carreira aqui” “Se me chamarem à Seleção, estou pronto” “Amorim tem uma comunicaçã­o muito positiva”

Chegou ao clube com 9 anos, em dezembro de 2011. Menos de 9 anos depois, já se estreou pela equipa principal do Sporting. Alguma vez pensou que esse objetivo chegaria assim tão rápido?

NUNO MENDES – Não, desta forma, não. É fruto do meu trabalho e esforço. Sempre dei o máximo para estar neste lugar e sei que tenho de continuar a dar o máximo. É verdade que é difícil chegar até aqui, mas é ainda mais

difícil dar seguimento.

Foram apenas 18 minutos em campo, ao ser suplente utilizado na receção ao P. Ferreira (1-0, a 12 de junho). Já sabia de antemão que seria lançado no jogo?

NM - Não, não sabia de todo, mas estava sempre preparado para que isso pudesse acontecer. Estou sempre pronto para jogar, seja a titular ou como suplente.

No jogo seguinte (Tondela, 2-0, 18 de junho) veio a estreia a titular, com 17 anos – ainda que por horas. Faz ideia de quem tinha sido o último jogador do Sporting tão jovem a entrar num onze?

NM - Não, por acaso não... A pista é fácil: é um dos maiores nomes da formação do Sporting, já recebeu cinco Bolas de Ouro e tem a sigla ‘CR7’...

NM - Ah! Agora lembro-me. Foi o [Cristiano] Ronaldo e depois eu. Claro que fiquei muito contente por saber isso. Sonho seguir o trajeto dele, é bom para qualquer jogador querer ter essa ambição de chegar ao patamar onde esses jogadores estão hoje; quem diz o Ronaldo, diz o Messi, entre outros. É bom termos na cabeça que queremos ser sempre melhores. Um dia, se Deus quiser, espero chegar ao nível onde eles estão.

Horas depois dessa vitória em Alvalade, celebrou o 18.º aniversári­o e o presente veio na forma da renovação com o Sporting, até 2025 e uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros. Nada mau para quem tinha acabado de atingir a maioridade...

NM - Foi um dia muito importante para mim, diria mesmo um dos dias mais felizes da minha vida. Assinar um contrato que sempre ambicionei e ter a minha família ao meu lado... Fiquei muito contente por os ver lá, nem sei explicar. Quero continuar no Sporting e dar o máximo de mim.

Olhando para trás, sente que a renovação foi merecida?

NM - Foi. É fruto do meu trabalho e esforço. Se estou aqui, é porque sempre trabalhei e confiei em mim próprio. Não tive dúvida nenhuma na hora de assinar, sempre foi esse o meu objetivo.

Nas imagens, foi possível ver a sua mãe [Cesaltina] muito emocionada. Como ela, também deixou soltar a lágrima na altura?

NM - Um bocado [risos]. Admito que não sou muito disso, de chorar, mas soltei um bocadinho… A minha mãe também é como eu, mais reservada. Depois, em casa, falou comigo. Deu-me os parabéns e disse-me que tinha de continuar a trabalhar para mais coisas boas virem.

Tem apenas 18 anos, mas infelizmen­te o seu pai [Arnaldo] já faleceu. Tenta assumir o lugar dele, no sentido de estar lá para a sua família em todos os momentos importante­s, tal como eles estiveram na sua renovação?

NM - Na minha família todos são considerad­os líderes: eu, o meu irmão, a minha mãe, a minha tia... O meu pai já não está, mas é uma pessoa muito importante para mim. Tentarei sempre dar o máximo por ele, por tudo o que fez por mim. Estou-lhe muito grato. Nunca o vou esquecer. Está sempre comigo, em todos os dias, todos os jogos e todos os treinos.

Acha que ele estaria hoje orgulhoso do seu trajeto?

NM - Sim, o meu pai estaria orgulhoso de mim. Aliás, tal como eu estou orgulhoso dele.

Que conselhos é que ele lhe foi transmitin­do ao longo da sua formação enquanto jogador?

NM - Para trabalhar, trabalhar e trabalhar. É isso que a minha família está habituada a fazer, somos todos muito trabalhado­res.

Sente que teve de crescer mais rápido do que é normal para alguém da sua idade?

NM -Sim, tive de crescer mais rápido. E nisso o Sporting teve um papel importante, porque quando fui viver para a Academia, tive

“O DIA DA RENOVAÇÃO FOI UM DOS MAIS FELIZES DA MINHA VIDA. ASSINEI UM CONTRATO QUE SEMPRE AMBICIONEI”

de assumir outro tipo de responsabi­lidades. O Sporting ajudou-me em tudo; ainda hoje, seja como jogador ou como pessoa.

E como pessoa, é descrito como sendo algo tímido. Essa faceta prejudicou-o alguma vez?

NM - Não, não. Aliás, ajuda-me muito ser mais reservado. Para mim é importante não demonstrar o que por vezes sinto e guardar para mim. Mas hoje sinto-me muito mais solto no balneário. No início não falava tanto, agora estou mais à vontade com eles. E nisso todos me ajudaram.

Quem lhe é mais próximo também elogia a sua humildade. Com o que possa ganhar no futebol, pensa retribuir, em primeiro lugar, à sua família?

NM - Sim, sempre. A minha família está em primeiro lugar, quero ajudá-los ao máximo. É por isso que estou aqui hoje. Aliás, não só aos que estão aqui comigo, mas a toda a minha família. Quero que estejam bem e estáveis. As condições estão a criar-se. Sendo jogador profission­al, é difícil por vezes arranjar tempo, mas há sempre um espaço para tal. Agora tenho tido mais tempo para estar com eles e estou a viver com a minha mãe. Mas admito que sinto saudades da vida da Academia, de todos os meus colegas, treinadore­s e pessoas que lá trabalham. Sempre me acarinhara­m.

Que importânci­a tem o seu empresário [Miguel Pinho] nesta caminhada? Acompanha-o desde muito jovem...

NM - Ele ajuda-me em tudo. Eu preocupo-me com o futebol, e eles [Positionum­ber] com o meu bem-estar. Dizem-me para me focar onde estou agora, no Sporting. Confio muito neles e é importante que haja essa confiança entre jogadores e empresário­s.

“TIVE DE CRESCER MAIS RÁPIDO. O SPORTING FOI IMPORTANTE, QUANDO FUI PARA A ACADEMIA TIVE OUTRAS RESPONSABI­LIDADES”

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