Record (Portugal)

A herança

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As heranças devem ser por natureza boas. Não devemos deixar aos que nos sucedem, problemas para resolverem ou faturas para pagarem. Pinto da Costa revelou no seu discurso de tomada de posse, mais do que em toda a campanha eleitoral. Cito, “Tenho a certeza absoluta que, daqui a quatro anos, a equipa que entregar o Porto aos vindouros, vai ter muito orgulho daquilo que se conseguiu fazer nestes quatro anos”.

Esta foi a verdadeira razão para Pinto da Costa se apresentar pela última vez às urnas. Ficou, para resolver os problemas que criou. Levou a equipa que quis, não fez ruturas com o passado, acrescento­u símbolos do Porto como Baía e arrasou eleitoralm­ente os que em alternativ­a a ele se apresentar­am. Após 38 anos de mandato, aos 82 anos, Pinto da Costa consegue uns expressivo­s e inequívoco­s 68%. Não derrotou os seus colegas de clube (Fernando Rio e Nuno Lobo), no Porto não derrotamos uns aos outros, teve apenas mais votos.

Os sócios comparecer­am e disseram escrito em voto, que é em Pinto da Costa que confiam para tirar o Porto da situação em que mergulhou nos últimos anos. Apesar disso, Pinto da Costa ouviu em campanha o que jamais imaginara ouvir sobre alguns dos elementos da sua lista, mas defendeu-os sempre. Jorge Nuno, deixa assim uma herança pesada a Pinto da Costa para estes próximos quatro anos.

Nosúltimos­cincoanos,oFC Portosagro­u-secampeão uma única vez, a troco de um agravament­o de mais de 200M€ do passivo no clube. O primeiro semestre demonstra um prejuízo aflitivo nas contas do Porto, e o segundo semestre apenas confirmará e agravará o primeiro, porque o final do mês é já daqui a 19 dias. Não há tempo para desculpas e lamentos. É hora de arregaçar as mangas, colocar as caneleiras e ir à luta. Todos têm de fazer a sua parte, mas Sérgio Conceição e os seus jogadores têm de trazer o título desta época para casa custe o que custar.

Durante as eleições, percebemos que os “herdeiros” desta cadeira de sonho (o de Presidente do Porto), mostraram-se unidos em torno da crença e das promessas de Pinto da Costa. Não avançaram como peões no xadrez, esperaram que o Rei percorress­e o tabuleiro acreditand­o não haver xeque-mate.

Os herdeiros estão designados (Rui Moreira, Villas-Boas, Baía e Oliveira) e são muito respeitado­s por todos os adeptos. Eles, aguardam fielmente a sua vez. Se o Rei tombar nesta dura batalha, serão os primeiros a socorrê-lo, se o Rei vencer a guerra, erguerão em conjunto e em bronze a esperada estátua à frente do Dragão.

Pinto da Costa tem sido um Senhor da Guerra por mais que custe a quem em Lisboa tem o seu clube. “A arte da guerra”, escrita por Sun Tzu tem lá tudo, basta agora apenas ler e meditar.

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