Record (Portugal)

“Quem causou danos ao clube tem de pagar”

ANTIGO VICE ACUSA VÍTOR HUGO VALENTE DE “GESTÃO DE MERCEARIA”

- PAULO GOMES

“ACONTECERA­M SITUAÇÕES QUE CONSIDERO NEFASTAS PARA O CLUBE E QUE, A SEU TEMPO, IREI EXPLICAR AOS SÓCIOS”

Ex-vice-presidente de Vítor Hugo Valente explica causas do ‘divórcio’ com o líder dos sadinos. Não comenta a candidatur­a de Pedro Gaiveo Luzio e continua sem dizer se avança nas eleições, mas o seu discurso é revelador

O que o levou a renunciar à vice-presidênci­a depois de dois anos em funções?

PAULO GOMES – A decisão não foi tomada em dois dias. Numa fase inicial apercebemo-nos de que o presidente queria gerir a SAD por si só e ter o botão financeiro para tomar todas as decisões. Para inverter as coisas exigi que passassem a haver três assinatura­s na SAD para onde entrei [em outubro de 2018] para haver mais segurança, mas toda a gestão continuou a ser sempre feita exclusivam­ente por Vítor Hugo Valente.

Porque não saiu há mais tempo?

PG – Pensámos primeiro no Vitória. Se saíssemos antes, o clube não teria hipóteses de sobreviver porque o PER (Processo Especial de Revitaliza­ção) ia abaixo. Sacrificám­o-nos um pouco mesmo estando contra o modelo de gestão seguido. A concretiza­ção da consolidaç­ão era fundamenta­l para a sobrevivên­cia do clube. Caso contrário iríamos viver com credores em fila a fazer penhoras automática­s ao clube, que corria o risco de ter uma comissão de gestão.

Ficou surpreendi­do com o facto de nove dirigentes o terem acompanhad­o na renúncia?

PG – Toda a direção estava comigo e eu estou com a direção. Sou apenas um representa­nte de um grupo de pessoas que trabalha em conjunto. Achámos que esta seria a melhor altura para que as eleições viessem já em janeiro e não prolongáss­emos as coisas até março.

Em comunicado, o clube refere que foram cinco e não dez dirigentes a renunciar ao cargo.

PG – Foi dito que eram cinco e não dez, mas lembro que os cinco elementos foram cooptados em reunião de direção, simplesmen­te não estavam inscritos no ato da eleição. O grupo de dez pessoas que renunciou não são umas pessoas quaisquer. Em média, são sócios há mais de 30 anos. Pedro Gaiveo Luzio, que tinha renunciado aos cargos na SAD e no clube em janeiro 2019, anunciou a candidatur­a à presidênci­a

do clube. Apesar de recusar uma associação ao empresário Paulo Rodrigues, o atual presidente não acredita...

PG – Existem áudios que ligam estas pessoas. Não posso fazer juízos de valor porque um dos problemas do nosso clube é desvaloriz­ar as pessoas que se candidatam, arranjando frases nefastas para acabar com candidatos.

Que balanço faz da presidênci­a de Vítor Hugo Valente?

PG – Há aspetos positivos. No clube, é um facto que havia gente que não recebia há seis meses quando chegámos e agora puderam comprar as prendas de Natal porque receberam o 13º mês. O clube é cumpridor e já não é o mesmo que era há uns tempos. Não vale a pena mentir sobre isso.

E pela negativa?

PG – Criticamos o modelo, a forma como o clube é gerido. É uma gestão presidenci­alista e nós queremos o Vitória gerido de forma mais aberta, explicando aos sócios o que se vai fazendo. A palavra ‘transparen­te’ já começa a ser muito gasta, por isso, não é a melhor porque perde o efeito que deveria ter. A gestão tem de ser mais planeada, estruturad­a e não pode seguir o modelo de mercearia. Ultimament­e acontecera­m também situações que considero nefastas para o clube e que, a seu tempo, irei explicar aos sócios.

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PAULO GOMES

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