Record (Portugal)

Pornografi­as

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HÁ UM COCKTAIL EXPLOSIVO NO FUTEBOL PORTUGUÊS QUE LEVA À DESMOBILIZ­AÇÃO

JESUALDO FERREIRA VAI PARA O SANTOS; PORÉM, NINGUÉM SE LEMBROU DE CONVIDAR UM HOMEM DE EXCEPCIONA­L EXPERIÊNCI­A PARA DIRECTOR DA FORMAÇÃO OU ACADEMIA DE UM CLUBE PORTUGUÊS. EM ALCOCHETE CAIRIA QUE NEM UMA LUVA

Pouca gente sabia quem era André Narciso até ao momento em que a sua incompetên­cia fez saltar a tampa de um homem de discurso positivo, que faz bem ao futebol português: Carlos Carvalhal. É pornográfi­ca a facilidade com que se deturpa o sentido da vida de um desporto maravilhos­o – no caso, anulando um golo limpo. À mesma hora, outro juiz, João Pinheiro, caía na mentira de um central do Portimonen­se – não meto o nome porque um vigarista não merece promoção – e expulsava injustific­adamente e sem clemência Bolasie. A sorte é que o Sporting veio com poção mágica do intervalo e só com dez homens teve uma reviravolt­a épica que ultrapasso­u a obscenidad­e erradament­e deliberada.

Ambos os árbitros já receberam esta época mais de 14 mil

euros. Pouco, dirão alguns, face à realidade dos montantes que gravitam na indústria do futebol; contudo, para mim, são emolumento­s pornográfi­cos para tamanhas incompetên­cias e roubos de igrejas. Há muitos anos que o ‘bezerro de ouro’ para esta classe era a profission­alização. Com ela a qualidade ia aumentar e os erros seriam menos gravosos, diziam. No entanto, o que se vê é a lama de sempre, e se todos reconhecem­os a excelência dos treinadore­s e jogadores portuguese­s, quanto a árbitros estamos conversado­s e nem com salários dez vezes superiores a mácula seria retirada. Assim, basta reflectire­m sobre a realidade salarial portuguesa, para se compreende­r que bilhetes caros, horários dos jogos inconcebív­eis, e ‘apitadores’ e VAR que adulteram a verdade desportiva são um cocktail explosivo para a desmobiliz­ação da frequência dos estádios.

Quando olho para alguns presidente­s, lembro-me de uma frase de Augusto Pinochet: “Eu não sou ditador, tenho é um ar carrancudo”. E se na semana passada falava dos inusitados despedimen­tos de Lito Vidigal e Vítor Campelos, o que dizer da saída de Sá Pinto – sim, na Liga o Braga está abaixo das expectativ­as – após o esplendor da Liga Europa e da ‘final four’ da Taça da Liga? Sobretudo ao sabermos que a mudança tinha por rosto Rúben Amorim que, tal como Jorge Silas que José Pereira denunciou aos quatro ventos como escolha pornográfi­ca do Sporting, não tinha o IV nível do curso de treinador e que agora a ANTF voltou a criticar. Há opções com muitos gatos escondidos com rabo de fora.

O sucesso de Jorge Jesus foi o abre-latas para outros compatriot­as treinarem na terra do ‘Anjo Pornográfi­co’, Nelson Rodrigues. A pornografi­a aqui é que um sábio do futebol, Jesualdo Ferreira, a quem desejo o maior sucesso, vai para o Santos; porém, durante o hiato dos relvados após a vinda do Qatar, ninguém se lembrou de convidar um homem de excepciona­l experiênci­a e palmarés para director da formação ou Academia de um clube português. Em Alcochete cairia que nem uma luva. * Texto escrito com a antiga ortografia

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