Naka rima
Quando parecia haver um Porto emperrado, sem solução à vista, metido dentro de labirinto sem saída, Sérgio Conceição resolve inovar e tudo mudou.
Estes últimos três jogos contra o Tondela, Santa Clara e Chaves mostraram diferenças substantivas num Porto que parecia apático e anémico – 8-2 de saldo final é profundamente positivo, não apenas pelos números em si, mas pelo fio de jogo que o Porto conseguiu alcançar. O carrossel voltou a vestir de azul e branco. O Porto voltava a dominar, a procurar largura no campo, atrevimento sobre o eixo central e dava espetáculo.
Ao dar a titularidade ao Samurai do Dragão (Nakajima), Conceição transformou os espaços, mudou de terrenos e traçou novos caminhos que os adversários nunca esperaram. Com Otávio mais recuado e mais disponível para ajudar o meio-campo, os alas (Díaz e Corona) ficam mais libertos para fazerem o que sabem melhor, driblar, cruzar ou mesmo terem apetite pelas diagonais. Nakajima foi titular nestes três jogos, teve liberdade de movimentos, sussurrou ao ouvido do ponta-de-lança e até fez golo contra o Santa Clara.
Os samurais têm três características fundamentais: disciplina, lealdade e honra. Nakajima mantém todas estas características dentro do campo. Não se eleva à altura de Ronaldo, digamos que tem um jogo mais ao nível de um 1.º andar, mas com vistas largas. Sérgio Conceição tem ainda muito a fazer com este japonês, mas, pelo que tem feito, a evolução nota-se a olhos vistos. O treinador irá exigir-lhe que defenda, que se saiba posicionar sem bola, que não desista de nenhum lance. Ele só terá de responder sim, nestas tarefas mais difíceis.
Nakajima não é um jogador que naturalmente olhe pelo retrovisor, provoca-lhe torci
CONCEIÇÃO TEM MUITO PARA FAZER MAS NOTA-SE A OLHOS VISTOS A EVOLUÇÃO DO JAPONÊS
colos, mas cedo perceberá que, tendo uma visão total do jogo, poderá ser melhor no último terço.
O Porto apresenta-se assim com mais golo, com mais passes e com mais posse. Estar em quatro frentes nas provas (Campeonato, Liga Europa e tanto na Taça de Portugal como na Taça da Liga) vai obrigar o Porto a um maior desgaste do que os nossos adversários, mas seguramente a uma maior rotação do plantel. Todos contam, mas este Porto terá de ser camaleão de jogo para jogo, mantendo o azul e branco como únicas cores possíveis.
O calendário de janeiro e fevereiro vai ser muito duro, mas se tiver de haver lágrimas, que sejam de alegria.