Arbitragem precisa de qualidade
É VERDADE QUE OS ERROS DIMINUÍRAM. O PROBLEMA É QUE NINGUÉM NOS EXPLICA COMO É POSSÍVEL MANTER DECISÕES ERRADAS APÓS A VISUALIZAÇÃO DE IMAGENS QUE NÃO DEVIAM DEIXAR DÚVIDAS
Nunca tive a ilusão de pensar que o futebol iria deixar de conviver com o erro só porque, após anos de relutância (enquanto outras modalidades iam avançando), a tecnologia iria passar a dar uma ajuda preciosa aos árbitros do desporto-rei. Mas, não embarcando na ideia dos que pensavam estar prestes a conhecer um mundo novo sem deslizes arbitrais, acreditava que os erros grosseiros – os que levam futebolistas, treinadores, dirigentes e adeptos a desconfiar (no mínimo) da capacidade de alguns dos homens que dirigem as partidas – tenderiam a desaparecer. Afinal de contas, há lances em que basta olhar para as repetições televisivas para perceber que a decisão inicial está errada. Contudo, para surpresa minha e desalento de todos os que gostam de futebol, já perdi a conta às situações em que, apesar de todos percebermos que há um erro evidente, o jogo é retomado (os que são interrompidos para consulta do VAR, pois outros nem isso justificam aos olhos dos especialistas) como se estivesse tudo bem. Esses deslizes inacreditáveis não mancham apenas a verdade desportiva e a credibilidade dos árbitros, também dão força aos que desde sempre são contra a evolução.
O passo dado com a introdução da tecnologia
é mais do que positivo – apenas pecou por tardio – e fez diminuir o número de erros. Porém, como é fácil perceber, os adeptos dão pouca importância a isso, preferindo destacar os casos surreais em que falham o juiz do encontro, os seus assistentes, o quarto árbitro e todos os que estão na Cidade do Futebol e que, mesmo com recursos imensos, não observam o que qualquer cidadão, em casa ou no café, vê e revê em segundos .
Falar em falta de seriedade
é, para muita gente, o passo seguinte. Quero continuar a pensar que o problema não é esse. Para mim, a questão tem apenas e só a ver com a qualidade. Ou melhor... a falta dela. O maior problema da arbitragem é continuar a deixar gente sem a mínima aptidão para a tarefa manter-se no ativo. Se quem comete erros de condução perde pontos e arrisca-se a ficar inibido de andar nas estradas, os árbitros podem, após uma ou duas semanas de ‘descanso’, voltar a estragar um jogo como se nunca o tivessem feito?
Mas, o caso ainda pode ser pior.
Sim, porque quem pensa nestas coisas acha bem que um árbitro retirado dos relvados (mesmo que ‘compulsivamente’) possa manter-se ‘vivo’ no VAR. Quem era fraco no campo, jamais será bom só porque analisa os lances na televisão. E nem todos, mesmo que gostem, nasceram para árbitros.
Já agora, um dia, existirá a separação
entre quem é árbitro e quem é VAR. E não demorará muito. Só assim, por exemplo, deixaremos de ter um juiz pouco credenciado a tentar corrigir a decisão de um internacional. Mesmo que tenha razão, estará sempre numa situação delicada. Ou acham que não?
NEM COM A TECNOLOGIA DEIXÁMOS DE VER JOGOS ADULTERADOS COM DECISÕES IMPENSÁVEIS