Afastar, criar e marcar
FC Porto beneficiou de um pontapé de canto. Atendência é bater a bola para a grande área, até pela capacidade aérea de Pepe e Danilo, por exemplo. Brahimi marcou curto com a ajuda de Éder Militão e fez o passe atrasado. Ao mesmo tempo, os jogadores que tinham subido para o canto mantiveram-se na grande área. Abola chegou até Otávio, o brasileiro libertou-se de um adversário e ficou com espaço livre. Porque Marega estava a segurar Neris, Jubal encontrava-se longe
JOGADORES DO BOAVISTA ESPERAVAM MOVIMENTO INTERIOR DE BRAHIMI. SÓ QUE O ARGELINO É IMPREVISÍVEL...
da zona da bola e Sauer tinha o corpo direcionado para a ala, mudando mais tarde [ 1]. Esta conjugação de posicionamentos e movimentos foi um convite ao remate de longe de Otávio no 2-0 dos dragões, o golo que lhes deu conforto e tranquilidade. Moral da história: nem sempre é preciso cobrar um pontapé de canto diretamente para a área; por vezes, afastar-se da baliza pode ser sinónimo de criação de perigo. E por falar em jogadores que criam desequilíbrios, Brahimi voltou a mostrar por que é tão influente no futebol do FC Porto. Veja-se o lance do penálti. Sabendo da frequência com que o argelino efetua o movimento interior, Raphael Silva parece estar mais inclinado para fechar o pé direito do camisola 8. Com o mesmo pensamento, Rafael Costa encontrase bem perto para dar apoio [ 2]. Só que Brahimi é um jogador imprevisível, juntando-lhe a rapidez na execução. As passagens dos pés sobre a bola serviram para criar a dúvida no adversário até ao momento de explorar a linha. O jogador do Boavista até conseguiu reagir à direção tomada por Brahimi, tentou ganhar o lance impondo o físico, mas acabou por ver o portista recuperar e ser travado em falta, na opinião do árbitro. Este foi um momento decisivo de Brahimi sem bola; é importante também analisar o posicionamento sem ela. Numa zona interior, no espaço entre linhas, deu a linha de passe que Herrera procurava, dando seguimento ao processo ofensivo do FC Porto [3]. Foi também uma forma de dar mais uma solução aos dragões. Existiam outras. Corona – lateral na teoria, extremo, como habitualmente, na prática –e Manafá emprestavam largura. Soares e Marega permitiam a possibilidade de funcionarem como apoios frontais ou até opções para a profundidade, seja na altura do passe ou depois de Brahimi receber a bola.