“Luz? Ocupámos o lugar de direito”
Como reage às críticas de uma fação de sportinguistas por ter assistido ao dérbi com o Benfica na tribuna do Estádio da Luz?
ATP – Não lhe sei responder em concreto a isso, mas sei que não estou minimamente arrependido de ir ao Estádio da Luz assistir ao jogo do Sporting. Mas deixe-me dizer uma coisa: nós não aceitámos um convite do Benfica como muita gente pensa. Fomos à Luz numa disposição do regulamento da Liga de Clubes, que diz que a equipa visitante tem direito a oito lugares na tribuna do adversário, cada vez que há um jogo entre ambos. Aquele lugar é do Sporting. Não é uma deferência do Benfica, nem era um favor do Benfica. Aquele era o lugar que competia ao Sporting. Fomos ocupar o que compete ao Sporting. Não há que ter razões algumas para ocupar o nosso lugar, ou ter reservas em ocupar o nosso lugar. Ninguém nos intimida ou cria qualquer problema. Fomos ocupar o lugar de direito do Sporting e talvez muita gente não tenha percebido. Independentemente disso, eu não subscrevo, de maneira nenhuma, a ideia daqueles que acham que o futebol tem de ser uma guerra permanente e até levada aos excessos de violência que marcaram já mortes, infelizmente, e culminaram há pouco tempo noutro âmbito que foram os acontecimentos de Alcochete .
Curiosamente, as autoridades elogiaram essa decisão...
ATP – Fico feliz por isso. Fico, sim senhor. Se a nossa postura durante essa semana contribuiu para isso, mais feliz fico ainda, porque a rivalidade tem de ser assumida intensamente e com paixão durante o jogo dentro das quatro linhas. Fora delas, tem de haver respeito e tolerância entre todos. Os clubes têm de se entender entre todos, para que as receitas de que necessitam desesperadamente sejam geradas por uma indústria transparente, forte e sólida. Essa indústria do futebol só o consegue prosperar se,
“AS PESSOAS JÁ INTERIORIZARAM QUE A IMPUNIDADE NO FUTEBOL PORTUGUÊS ACABOU. O VALE TUDO... JÁ NÃO VALE”
de facto, os clubes se entenderem e cooperarem nesse sentido.
Que comentário lhe merece o processo E-Toupeira e outros casos de alegada corrupção?
ATP –A realidade é que até há pouco tempo havia a ideia de que a impunidade era a regra nos clubes desportivos e que nada aconteciam... Podiam fazer o que lhes desse na gana e nada acontecia. No passado recente houve episódios em que isso parecia confirmar-se. Neste momento, as pessoas já interiorizaram que se acabou a impunidade no futebol português. O vale tudo... já não vale. A justiça encarregou-se de mostrar o contrário e espero que o faça no final dos processos em curso, para que nós identifiquemos os comportamentos desviantes e para que não voltem a repetir-se. Nunca. Há um exemplo que tem de ser dado. *