O futebol como extensão
O ‘sistema social’ que temos em Portugal é indigno. Contribuintes a alimentar uma cáfila de oportunistas. A alimentar os que sempre viveram da ‘bolha’ que une banqueiros, políticos e empresários ou outros utilitários-dereferência em sectores estratégicos como a magistratura, a comunicação social e também os que, não querendo fazer nada, se aproveitam das indignidades desse sistema.
Não sei como o país não se farta disto. Ou talvez saiba. Se calhar porque nem sequer está em condições de se fartar. Pelo bloqueio a que se impôs. Pelo grau de comprometimento. Por tudo aquilo que implica a sobrevivência. Os impostos pagos pelos contribuintes deviam ter como princípio a protecção dos cidadãos, naquilo que são as necessidades essenciais da comunidade em geral. Não é isso que está a acontecer. O dinheiro público é sugado por e para um buraco sem fundo. Por mais que se desconte, por maior que seja o esforço no sentido de pagar a crise, não há, na prática, qualquer vestígio de amortização. Os desmandos da banca, as falências e a factura que todos pagamos pelo crescimento da dívida pública são o resultado da falta de regulação e da ineficácia das instituições em não permitir que os fautores da crise sejam ilibados, sobejando sempre para os mesmos a liquidação dos excessos, dos crimes, das imparidades e de todo um arsenal de indignidades que, a cada dia, são revelados, sejam no processo que envolve José Sócrates ou nas sombras que se abatem sobre as questões relacionadas com a lista dos maiores devedores à banca ou ainda nos negócios subjacentes às parcerias públicoprivadas. Nas suas manhas e patranhas que urge desmontar, o futebol aparece neste contexto de país.