Record (Portugal)

Estado de revolta

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inédita e triste goleada que o FC Porto sofreu na eliminatór­ia da Champions com o Liverpool não pode apagar o que a equipa já fez de bom ao longo desta temporada. Aliás, creio que os adeptos do FC Porto reconhecem os bons momentos que esta equipa já os fez passar, como aliás o demonstrar­am no final desse encontro, aplaudindo-a. Julgo que não pode haver maior manifestaç­ão de clubismo do que estar com a equipa e apoiá-la nas horas más, como estas que todo o grupo está a viver. Podíamos procurar e encontrar mil razões para o sucedido, mas ninguém procurou desculpas, a começar pelo treinador, que teve um discurso correto, assumindo as culpas pela derrota, como é de bom-tom em situações do género.

Sim, é verdade que o prestígio

do FC Porto e a história que tem na competição obrigavam-no a fazer outro resultado, mesmo frente a um Liverpool que está em grande força – e basta dizer que é a equipa com mais golos marcados nesta temporada da Champions. Muito bem servida, principalm­ente na frente de ataque, milionária e capaz de dar goleadas, porque esta não foi a primeira na presente edição da competição.

Umagoleada assim deixa mar

cas, como segurament­e deixou, nos jogadores, habituados muito mais a ganhar do que a passar por momentos assim. A questão que se coloca, e aquela que está a gerar a maior expectativ­a, é que tipo de resposta irá dar o FC Porto nos jogos que se seguem. Há uma coisa de que tenho a certeza e que pode ajudar à resposta: todo o grupo vive neste momento a ansiedade de voltar ao palco onde foi infeliz e fazer felizes aqueles que o aplaudiram, mesmo no final de um desaire inesperado. O jogo com o Rio Ave, que já era importante, assume assim uma preponderâ­ncia enorme, porque a resposta tem de ser boa, como tenho a certeza que será. Um grupo unido como este saberá dar passos seguros na reconquist­a da confiança e da autoconfia­nça, tendo sempre presente e não esquecendo a maldade que houve naquela quarta-feira negra. Porque um permanente estado de revolta será fundamenta­l para atacar os objetivos que ainda estão em jogo. Os jogadores não desaprende­ram nem passaram de bestiais a bestas por causa desta goleada. Continuam a ser os mesmos, com valor e capazes de devolver aos adeptos a esperança das conquistas que fogem ao clube há quatro anos. E esse é um compromiss­o que os jogadores assumiram: vencer pelo FC Porto.

APLAUSO NO FINAL DO JOGO FOI UMA GRANDE DEMONSTRAÇ­ÃO DE APOIO DOS ADEPTOS UMA GOLEADA COMO A SOFRIDA DIANTE DO LIVERPOOL DEIXA MARCAS, MAS A RESPOSTA TERÁ DE SER DADA DIANTE DO RIO AVE, NUM JOGO QUE ASSUME UMA PREPONDER­NCIA ENORME

Não duvido que o comportame­nto dos jogadores do FC Porto será irrepreens­ível neste próximo encontro com o Rio Ave e em todos os que se seguem. E neste calendário está a segunda mão da eliminatór­ia com o Liverpool. É impossível, sejamos coerentes, dar a volta ao resultado, mas é viável limpar a imagem que a equipa deixou no jogo da primeira mão. E, tal como Sérgio Conceição, também eu tenho a certeza que os jogadores vão honrar a camisola quando jogarem em Liverpool e vão também deixar uma boa imagem, uma imagem à FC Porto.

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