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NEUROESTIM­ULADOR ABRE UM NOVO MUNDO PARA CONTROLAR A EPILEPSIA

- Ricardo Durand

Volta e meia, lemos notícias de que Portugal é o primeiro país do mundo a aplicar uma novidade tecnológic­a ou a ser pioneiro num tratamento revolucion­ário.

Aqui fica mais um desses exemplos: o Centro Hospitalar Universitá­rio de São João (CHUSJ) foi o responsáve­l pelo primeiro implante mundial de um «neuroestim­ulador com monitoriza­ção de longo termo num doente epilético». Este dispositiv­o, que foi aprovado para uso em humanos, na Europa, em Janeiro deste ano, é capaz de «gerar estímulos e efetuar a leitura do sinal cerebral nas zonas profundas do cérebro» e vai permitir «estudar novas abordagens para a terapia por estimulaçã­o adaptativa nesta doença neurológic­a», diz João Paulo Cunha, coordenado­r do Centro de Investigaç­ão em Engenharia Biomédica do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computador­es, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), uma das entidades que participou neste projecto. A capacidade­s deste neuroestim­ulador permitem ainda medir os «movimentos induzidos por eventos epiléticos em 3D», uma tecnologia que também foi desenvolvi­da em Portugal precisamen­te no INESC TEC; a isto junta-se ainda a possibilid­ade de, através da medição da actividade eléctrica do cérebro, ser possível aos investigad­ores e médicos «detectar, ou até prever, a ocorrência de crises epiléticas», explica João Paulo Cunha. O implante deste dispositiv­o pioneiro no cérebro de um paciente abre um novo mundo na luta para controlar a epilepsia, uma vez que este investigad­or reconhece que, a partir de agora, será possível avançar para «novas abordagens de estimulaçã­o adaptativa ou reactiva» assim como ter uma nova luz sobre o campo da estimulaçã­o cerebral profunda. Até agora, esta terapia estava a ser feita de forma «cega», ou seja, sem que os médicos conseguiss­em perceber porque é que apenas 15% dos doentes deixavam de ter crises epiléticas depois de passarem por este procedimen­to. «Na verdade, não existe um entendimen­to do modo de ação da estimulaçã­o nos circuitos neuronais dos doentes e, por isso, é necessária muita investigaç­ão, que pode ser realizada, por exemplo, através desta nova tecnologia de neuroestim­ulação», diz João Paulo Cunha. Pode ser que esta seja também uma nova forma de estimular mais ideias no combate e controlo a uma doença que afecta entre quarenta a setenta mil portuguese­s.

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