“O jogador agora é muito diferente de há dez anos”
Simpático, Filipe Magalhães responde com espontaneidade a qualquer pergunta. Reconhece ter chegado cedo ao cargo mais alto do ABC e dá exemplos para provar como isso é raro em Portugal.
Com ambições fortes, o treinador do ABC fala da mudança que se verificou na mentalidade e na forma de estar dos jogadores nas últimas temporadas.
Passaram-se dois anos ao comando da equipa e o ABC cresceu: acabou no quarto lugar e foi à competições europeias. O que fez à equipa, foi um trabalho mental?
— Eu procuro fazê-lo, porque o jogador de agora, o de hoje em dia, é muito diferente do jogador de há dez anos, e não é preciso ir mais longe do que isso.
Em que sentido?
—Na forma de estar, na forma de ouvir, na forma como gostam que lhes passem a mensagem. Mas eu tive outra vantagem quando assumi a equipa, o facto de grande parte dos atletas que vim encontrar já terem trabalhado comigo nos escalões de formação. Conhecia muito bem as capacidades de cada um e cada uma daquelas cabeças. Isso foi um trunfo que usei e que acabou por resultar. Quando olha para trás, para quando recebeu o telefonema do Carlos Matos, e vê como estava o ABC e como está agora, acreditava que tal era possível?
— Eu acreditava, tinha essa confiança. Não podia ter a certeza absoluta disso, mas confiava que sim.
De alguma forma, esta ascensão do Filipe Magalhães não é algo precoce?
—Não achava que ia começar tão cedo, como disse, mas há vários exemplos de que as coisas podem acontecer assim. O treinador do Magdeburgo [Bennet Wiegert] também começou assim. Não é natural e não é normal em Portugal, mas quando isso acontece, ainda que raramente, os técnicos são ex-jogadores de topo, como sucedeu com o Carlos Resende no FC Porto. Já o Ricardo Costa ou o Rui Silva, por exemplo, que agora estão no Sporting e em França, começaram por baixo. Para mim, o ABC continua a ser um clube de topo. É verdade que passamos momentos difíceis, mas estamos a querer regressar.