Otávio é ímpar aos olhos dos pares
A eleição de Otávio como melhor jogador da Liga em 2022/23 pelos treinadores e capitães de equipa da competição é o reconhecimento de qualidades que só vê quem não se fixa nas cores das camisolas.
1Otávio foi eleito o melhor jogador da Liga pelos treinadores e capitães de equipa da competição. Por treinadores e capitães de equipa que o enfrentaram em campo, sublinhe-se, pelo que é de supor com uma dose considerável de certeza que não foi eleito pela cor dos olhos, pela simpatia e pelo bom feitio. Os atributos de Otávio, aos olhos de quem joga contra ele, são outros, dificilmente reconhecidos por quem é incapaz de olhar para um futebolista e ver para além da cor da camisola que veste. Por outro lado, sendo evidente que ninguém detesta um rival inofensivo, até o desamor dos adeptos adversários é uma boa medida para avaliar a qualidade de um jogador. Não tão fiável como o reconhecimento dos seus pares, mas, ainda assim, uma boa medida.
2Se o bater de asas de uma borboleta aqui pode provocar uma tempestade a milhares de quilómetros de distância é imprevisível o que o bater de centenas de milhões de euros na Arábia Saudita pode provocar na Europa. Talvez seja cedo para falar numa tempestade, mas já há quem veja nuvens no horizonte. O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, já lhes fez referência, embora descartando uma verdadeira alteração climática, dizendo que os sauditas estão a repetir o erro dos chineses, assim como quem desvaloriza o fenómeno como um simples episódio de déjà vu. Talvez a Arábia Saudita seja outro caso de muito barulho para nada, mas, entretanto, há um novo ator a inflacionar o mercado de transferências, o que é bom para quem vende, mas complicado para quem compra. Ora, de repente, os clubes mais ricos e poderosos da Europa podem chegar à conclusão de que não são ricos e poderosos que chegue. E passar dessa conclusão ao ressuscitar do projeto da Superliga vai uma distância mais curta do que o bater de asas de uma borboleta.