Equilibrar cá dentro para ganhar lá fora
Pedro Proença tem razão quando coloca a centralização dos direitos televisivos como prioridade. Se tudo continuar na mesma, o fosso entre os clubes será cada vez maior.
Opresidente do Vitória de Guimarães alertava, anteontem, para o facto de, mesmo contando o clube com um novo parceiro de referência na sociedade desportiva, os sócios não deverão esperar contratações no valor de quatro ou cinco milhões de euros. No dia seguinte, o Benfica acertou a transferência de Kokçu, provavelmente o médio mais excitante da edição 2022/23 do campeonato dos Países Baixos, por cerca de 30 milhões de euros. O fosso que, em termos de investimento, separa o primeiro e o sexto classificados da liga portuguesa nunca terá sido tão grande.
Este é apenas um dos problemas do nosso futebol, com implicações ao nível da competitividade do campeonato, que depois se reflete no comportamento das equipas nacionais nas competições europeias. Não é por acaso que a partir da temporada 2024/25 Portugal só colocará dois clubes na Liga dos Campeões, apenas um com entrada direta.
É por ser urgente combater esta assimetria que Pedro Proença, recentemente reeleito para o último mandato na liderança da Liga de Clubes, está no caminho certo quando coloca a centralização dos direitos audiovisuais como uma prioridade. Não estamos perante a resolução de todos os problemas, mas ajudará muito no sentido de equilibrar um pouco a balança. Haverá sempre desequilíbrio, como em todos os países, e o dinheiro não garante vitórias, mas uma distribuição mais equitativa das verbas provenientes das transmissões televisivas permitirá uma aproximação que o atual cenário não favorece. Pelo contrário, agrava.