Um espanhol suave na Seleção
O tempo não está para revoluções, já se percebeu pela primeira convocatória de Roberto Martínez, mas há sinais que indicam mudanças importantes no futuro próximo da Seleção Nacional.
Aideia de uma rutura imediata com o passado da Seleção Nacional parece ter sido desfeita na semana passada, no dia em que Roberto Martínez revelou a primeira convocatória. A inclusão de Cristiano Ronaldo e de toda a espinha-dorsal que sustentou o trajeto de Fernando Santos projeta continuidade e confirma a entrada sensata do treinador no novo projeto. Não estava tudo mal, nem passará a estar tudo bem de uma hora para a outra. A opção faz todo o sentido.
Mas existem sinais, positivos na minha perspetiva, que apontam no sentido de mudanças que terão, inevitavelmente, de acontecer. A saída de Ricardo Regufe é um bom exemplo. Independentemente de a iniciativa ter partido do agora de agente de jogadores, certo é que a partir de agora será retomada a normalidade. E a normalidade é que todos os convocados, de Cristiano Ronaldo a Diogo Leite, mereçam o mesmo tipo de acompanhamento.
No plano meramente desportivo, o número de defesas-centrais chamados pelo espanhol indicia que Portugal poderá passar a ter um sistema alternativo, com três defesas, o que pode fazer todo o sentido. No último Mundial, lembramonos todos, Fernando Santos foi criticado pela falta de flanqueadores na convocatória. Na realidade, também já não abundam, em qualidade, no campo de recrutamento. Por outro lado, não faltam laterais de grande qualidade, com capacidade para percorrer flanco, o que numa defesa a três oferece opções de jogo diferentes e mais interessantes sob o ponto de vista ofensivo. Embora o tempo de preparação seja escasso, os adversários, Liechtenstein e Luxemburgo, são ideais para testar novas dinâmicas, até porque não passa pela cabeça de ninguém Portugal perder pontos com seleções da quarta divisão europeia.