O Jogo

O NOVO SONHO AMERICANO

TÉNIS Nuno Borges ganhou o maior torneio da história do Challenger Tour, nos Estados Unidos, onde entre 2015 e 2018 se licenciou em Biomecânic­a

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Aos 26 anos, tem percurso raro: só se tornou profission­al em 2019, estreou-se no top-100 há meio ano, é número um português desde fevereiro e subiu a 68.º do ranking, graças ao título em Phoenix.

MANUEL PÉREZ

Nuno Borges é a primeira grande figura do ténis português, cuja ascensão difere dos outros seis compatriot­as que atingiram o top-100 - objetivo primordial de qualquer profission­al -, oriundos de famílias ligadas à modalidade. O maiato também empunhou a primeira raquete mais tarde do que o habitual, sagrou-se campeão de sub-16, em 2014, e de sub-18,em2015,representa­ndo a Escola de Ténis da Maia. Igualmente ao contrário da generalida­dedostenis­tas,percebeu não estar preparado para os desafios do profission­alismo.Com18anos,decidiu abandonar o conforto do lar, atravessan­do o Atlântico para frequentar um curso de cinesiolog­ia na Universida­de do Mississipi, sabendo que a ligação ao ténis iria ser feita através dos campeonato­s universitá­rios. Chegou a ser número um dos rankings de singulares e pares, adquiriu uma grande experiênci­a competitiv­a e, de canudo debaixo do braço, voltou a Portugal.

Entrou no circuito profission­al pela porta dos Futures (dez títulos), subiu ao Challenger Tour, no qual conquistou, anteontem, o terceiro título, desde já histórico, por se tratar do primeiro challenger da categoria 175, criada esta temporada. Subiu ao 68.º lugar de um ranking ATP em que, há

“Cresci muito nos quatro anos em que estive nos EUA, evolui física e mentalment­e, sem pai e mãe a ajudar”

“Entrei à última hora num quadro cheio de jogadores top-100 e fiz um torneio incrível”

Nuno Borges 68.º do ranking ATP

dois anos, andava “desapareci­do” pela 375.ª posição.

Ainda ao invés das outras figuras do nosso ténis, o Lidador é produto de utilidade pública, neste caso do CAR/Jamor. Sob a supervisão de Rui Machado que, recorde-se, é também selecionad­or nacional, foi bem moldado um daqueles jogadores que sabe fazer tudo dentro do court. A esse dom, aliou o grande trabalho no capítulo físico, possuindo força mental adequada às maiores exigências, daí resultando desempenho­s como no Arizona.

“Não estava nada à espera de chegar à final do primeiro challenger 175, um torneio com um nível altíssimo, no qualcomece­iporobtera­maior vitória da carreira [sobre o argentino Schwartzma­n/38.º], fui mantendo um nível alto e, na final, o principal desafio foi gerir a enorme ansiedade que tinha de ganhar”, avaliou a O JOGO. Depois de um festejo diferente – mergulho na piscina do Phoenix Country Club, com os apanha-bolas na guarda de honra –, um voo de quatro horas para Miami, no qual aproveitou para dormir –, levou-o à entrada em cena, ao final da tarde de ontem, no qualifying desse Masters.

A chegada ao top-70 do ranking supera todas as expectativ­as, tendo em conta que o primeiro objetivo da época era reentrar no top-100. Contudo, Rui Machado, que está a acompanhar o atleta nos Estados Unidos, prefere dar conta das prioridade­s: “Consolidar-se no top-100, aproveitar este ranking para disputar os grandes torneios e jogar contra os melhores do mundo”.

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