A competitividade exige mais adeptos locais
Celebrou-se ontem mais um “Braga Day”. Depois de três anos de interregno pandémico, o evento voltou em força ao coração da cidade de Braga. Anunciado como “a festa da família Guerreira”, o “Braga Day” ( que usa este anglicismo na nomenclatura, o que, para mim, não é nada feliz; além disso, afigura-se-me que a forma gramaticalmente correta seria “Braga’s Day), é muito mais do que uma mera festa. Insere-se numa estratégia mais ampla da administração da SAD e da direção do clube de tentar angariar mais e mais adeptos para a coletividade. Adeptos verdadeiros, que sejam só pelo Braga.
A administração da SAD tem-se desdobrado em esforços para tal, mas os resultados não têm sido os que seriam expectáveis. Para além da Academia e consequente aposta na formação como âncora do sucesso desportivo e financeiro, a SAD tem, agora, batalhado por convencer os stakeholders do futebol (clubes, estruturas dirigentes, jornalistas) de que se torna necessário alterar os pressupostos do modelo competitivo, por forma a beneficiar a própria modalidade. Isto porque todos sabemos que o facto de cerca de 90% dos adeptos de futebol preferirem os três habituais ditos “grandes” do que os clubes onde residem ou nasceram é uma questão cultural, e – diga-se – muito própria de Portugal. Basta comparar estatísticas de outros campeonatos: o Brentford FC, último classificado do campeonato inglês da época passada, teve uma média de espetadores de cerca de 17 mil, o que o colocaria em 4º lugar nas médias portuguesas. Ou o FC Español, que nem sequer foi a nenhuma competição europeia, ficando a meio da tabela no campeonato do país vizinho, que teve média de 18 mil espetadores.
Em Portugal, abaixo do 5º classificado, nenhum clube chega sequer perto dos 10 mil espetadores de média. É, por isso, um trabalho para todos os envolvidos: aumentar a competitividade da liga portuguesa impõe, necessariamente, a criação e aumento de novos adeptos locais. E tal só se opera com uma mudança (lenta) de mentalidades e de cultura. Sem isso, não há competitividade possível, e o campeonato será sempre bipolarizado entre os três que lutam para ganhar o título e os outros que só lutam. Daí a importância deste “Braga Day”, para chamar para junto do clube a comunidade bracarense e afirmar que é neste clube que se juntam, por um lado, a história e a tradição da cidade e, por outro, se constrói um futuro para todos os bracarenses que gostam do desporto.
Aumentar a competitividade da liga portuguesa impõe, necessariamente, a criação e aumento de novos adeptos locais.
É neste clube que se juntam, por um lado, a história e a tradição da cidade e, por outro, se constrói um futuro para todos os bracarenses que gostam do desporto