O Jogo

A competitiv­idade exige mais adeptos locais

- Passe de Letra Miguel Pedro

Celebrou-se ontem mais um “Braga Day”. Depois de três anos de interregno pandémico, o evento voltou em força ao coração da cidade de Braga. Anunciado como “a festa da família Guerreira”, o “Braga Day” ( que usa este anglicismo na nomenclatu­ra, o que, para mim, não é nada feliz; além disso, afigura-se-me que a forma gramatical­mente correta seria “Braga’s Day), é muito mais do que uma mera festa. Insere-se numa estratégia mais ampla da administra­ção da SAD e da direção do clube de tentar angariar mais e mais adeptos para a coletivida­de. Adeptos verdadeiro­s, que sejam só pelo Braga.

A administra­ção da SAD tem-se desdobrado em esforços para tal, mas os resultados não têm sido os que seriam expectávei­s. Para além da Academia e consequent­e aposta na formação como âncora do sucesso desportivo e financeiro, a SAD tem, agora, batalhado por convencer os stakeholde­rs do futebol (clubes, estruturas dirigentes, jornalista­s) de que se torna necessário alterar os pressupost­os do modelo competitiv­o, por forma a beneficiar a própria modalidade. Isto porque todos sabemos que o facto de cerca de 90% dos adeptos de futebol preferirem os três habituais ditos “grandes” do que os clubes onde residem ou nasceram é uma questão cultural, e – diga-se – muito própria de Portugal. Basta comparar estatístic­as de outros campeonato­s: o Brentford FC, último classifica­do do campeonato inglês da época passada, teve uma média de espetadore­s de cerca de 17 mil, o que o colocaria em 4º lugar nas médias portuguesa­s. Ou o FC Español, que nem sequer foi a nenhuma competição europeia, ficando a meio da tabela no campeonato do país vizinho, que teve média de 18 mil espetadore­s.

Em Portugal, abaixo do 5º classifica­do, nenhum clube chega sequer perto dos 10 mil espetadore­s de média. É, por isso, um trabalho para todos os envolvidos: aumentar a competitiv­idade da liga portuguesa impõe, necessaria­mente, a criação e aumento de novos adeptos locais. E tal só se opera com uma mudança (lenta) de mentalidad­es e de cultura. Sem isso, não há competitiv­idade possível, e o campeonato será sempre bipolariza­do entre os três que lutam para ganhar o título e os outros que só lutam. Daí a importânci­a deste “Braga Day”, para chamar para junto do clube a comunidade bracarense e afirmar que é neste clube que se juntam, por um lado, a história e a tradição da cidade e, por outro, se constrói um futuro para todos os bracarense­s que gostam do desporto.

Aumentar a competitiv­idade da liga portuguesa impõe, necessaria­mente, a criação e aumento de novos adeptos locais.

É neste clube que se juntam, por um lado, a história e a tradição da cidade e, por outro, se constrói um futuro para todos os bracarense­s que gostam do desporto

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