O Jogo

“Revejo-me no Rui Silva e no Miguel Martins”

Membro de uma grande geração do andebol sueco e mundial, Andersson fala com entusiasmo da evolução que o jogo sofreu

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●●● O treinador do FC Porto fez carreira como central, a organizar o ataque de uma das melhores equipas da história. Há elogios e há senhores elogios.

O Magnus foi um jogador de topo e vem de um país onde o andebol tem um grande protagonis­mo. Quer fazer uma comparação entre o público sueco e o português?

—São um pouco diferentes, claro. A Suécia tem muita tradição, no desporto e no andebol em particular. Temos outro tipo de estruturas nos clubes. Cresci em Linkoping, a 200 quilómetro­s de Estocolmo, e comecei a jogar lá. Também joguei futebol.

Em que posição?

—No meio-campo.

Quase como no andebol.

—Sim. Mas nessa altura, no começo dos anos 1980, o bloco de Leste era realmente muito bom no andebol. Só jogava quem tinha dois metros de altura e pesava 120 quilos. Estava habituado a ouvir que era demasiado pequeno e que devia dedicar-me ao futebol. Não sei se foi por teimosia que meti na cabeça que ia provar o contrário. Depois, foi tudo muito rápido. Mudei-me para o Halmstad e um ano mais tarde estava na seleção da Suécia, onde joguei de 1988 até 2003.

Jogou numa seleção

histórica.

—Agora percebo isso. Tínhamos jogadores muito bons e conseguimo­s resultados extraordin­ários. Foram quase quinze anos juntos, muitas medalhas, muitos campeonato­s da Europa, Mundiais…

O andebol mudou muito entretanto, está bastante mais rápido, mais poderoso. Acredita que essa grande equipa da Suécia teria o mesmo êxito agora?

—É difícil dizer. Não penso muito no passado. Os meus jogadores são muito físicos, são profission­ais, treinam realmente bem… Talvez algumas coisas fossem melhores antes, enquanto outras são muito, muito melhores agora. Como disse, é tudo tão físico e tão rápido agora…

Sente a falta do andebol mais elegante desses tempos?

—Não. Aquino FC Porto temos uma boa mistura disso tudo. Para mim, jogamos um andebol fantástico e o feedback que recebo dos meus amigos e das pessoas com quem trabalhei na Dinamarca, na Alemanha e na Suéciaé sempre de que jogamos um andebol extraordin­ário e entusiasma­nte. É sempre agradável ver os nossos jogos, rápidos e cheios de boa técnica. Talvez no futuro possamos ser muito melhores no contra-ataque. É um dos aspetos que queremos melhorar.

Vê semelhança­s entre o Magnus Anderson, um meia distância central com apenas 1,80 metros, e o Rui Silva?

—Alguém da Escandináv­ia, penso, fez-me essa pergunta há algumas semanas. Vejo muitas caracterís­ticas minhas no Rui, é verdade, e também no Miguel [Martins]. São dois “play makers” realm ente muito criativos, que também fazem golos. Facilitam-me a vida. Não preciso de muitas explicaçõe­s, nem de arranjar uma ferramenta tática. Bastam algumas palavras e eles tratam do assunto.

“Não preciso de muitas explicaçõe­s [...]. Bastam algumas palavras e eles [Rui Silva e Miguel Martins]tratam do assunto”

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