Sérgio definiu o jogo
O Benfica não tinha bem um plano, a não ser defensivo e reativo; (...) a jogar em casa, nunca conseguiu dominar o jogo, mas conseguiu controlá-lo. Conseguiu ser forte nos seus pontos fracos
O jogo teve uma oportunidade de golo para cada lado e os guarda-redes não fizeram uma defesa difícil em 90 minutos. Ganhou o Benfica porque aproveitou – bem – uma descompensação no sector defensivo do FC Porto e jogos destes são de 0-0 ou 1-0.
Sou muitas vezes crítico de Sérgio Conceição, mas ontem acho que teve a ideia certa: dois homens na frente, com Marega aberto e Soares no meio. Foi Sérgio que definiu o jogo: pressão mais alta possível, defesa adiantada para compactar a equipa, não deixar sair o Benfica e tentar marcar primeiro. Conseguiu impor o jogo que queria, não conseguiu ganhar.
O Benfica não tinha bem um plano, a não ser defensivo e reativo. Rui Vitória conseguiu ganhar o primeiro jogo ao FC Porto fazendo bem pouco por isso. Mas a vida é o que é. O Benfica, a jogar em casa, nunca conseguiu dominar o jogo, mas conseguiu controlá-lo. Conseguiu ser forte nos seus pontos fracos – os centrais bateram-se bem nos duelos. Se se souber que Lema chegou livre, custou 1,2 milhões em comissões e ganha 700 mil euros/ano, talvez a avaliação seja a de que cumpre. Não anda a enganar ninguém. E noutro ponto fraco – Seferovic – acabou por ter o golo salvador.
Foi, nesse sentido, mais o FC Porto a perder o jogo, porque não o soube ganhar, ou não soube marcar, e porque sofre o golo porque joga com a defesa sempre adiantada. O ponto fraco do plano era que, se sofresse um golo, teria dificuldade em mudar o chip da equipa, até por o plano implicar um desgaste muito grande da equipa com a pressão no meio campo adversário. Como teve, apesar de a sua oportunidade ter surgido no tempo final, por Brahimi. Mas felizmente – e ao contrário do que alguns pensam –, o treinador não controla tudo; os jogadores mandam mais.
Houve dois momentos em que os treinadores mexeram com sorte diferente: Rafa entrou bem, mexeu com o jogo, enquanto Sérgio Oliveira não. Sérgio justificou a saída de Otávio tão cedo (52’) com fadiga. Mas naquele momento não correu bem para a equipa. E decidiu-se o jogo nesse momento.