O Jogo

Um grande Alarcón no dia do ciclismo

- Jorge Costa

Agrande vedeta desta crónica hoje não é o futebol, mas o ciclismo e, em particular, Raúl Alarcón, o ciclista espanhol que se prepara para vencer a Volta a Portugal em Bicicleta. Com justiça e classe. Desde miúdo que tenho uma grande paixão pelo ciclismo, passo horas a ver a Volta a França e, também sempre que posso, não perco a Volta a Portugal. E, ontem, assisti à subida à Senhora da Graça e vi mais um grande espetáculo, com um enorme ciclista a vencer e a dedicar a vitória a Rui Vinhas, seu colega de equipa e companheir­o de quarto, que há pouco tempo foi vítima de um acidente que o deixou em mau estado, mas lá continuou. Gestos bonitos, depois de um esforço tremendo e uma demonstraç­ão de grande valia, com perseguido­res a ficarem pelo caminho, embora a darem uma luta feroz e saudável. Aprecio no ciclismo o estoicismo, a bravura, a coragem e não estou aqui a exaltar um nome só porque representa o FC Porto – diria o mesmo se fosse de qualquer outra equipa. Mas em boa hora o FC Porto voltou ao ciclismo, vencendo ainda melhor.

Do festival de Alarcón à tarde até ao belo espetáculo à noite no Estádio do Dragão foi um saltinho cheio de saúde. A equipa de Sérgio Conceição arrancou para este campeonato com uma goleada de mão-cheia, que agradou a quem foi ao estádio – e foi muita gente – e a quem viu pela televisão. Explorando muito bem as fragilidad­es do Chaves, forçando-as com boas dinâmicas (a espaços, muito boas mesmo e a arrancarem palmas de satisfação), o FC Porto foi superior do primeiro ao último minuto e vestiu realmente a pele de campeão em título, candidatan­do-se, desde já, a repetir a dose... Começar bem é muito importante; primeiro foi a vitória na Supertaça, num jogo fraco, mas ontem foi o início do campeonato com uma bonita exibição e muitos golos, como o povo tanto gosta. Não foi tudo bem feito, com certeza que houve erros, mas num início de época ninguém pode estar à espera da perfeição. Havia até alguma expectativ­a em perceber como é que a equipa iria reagir a mais uma ausência de Marega (mais ainda depois da baixa de Tiquinho Soares) e a resposta não podia ter sido melhor. Estão felizes os adeptos, mas quem manda terá de resolver esta questão Marega, a bem de todos, da própria equipa até. O FC Porto vai continuar a crescer, vai tornar-se mais forte, mas há uma coisa que já tem: o mesmo espírito da última época, e isso é uma mais-valia extraordin­ária.

Estou com alguma expectativ­a para perceber como vai ser o arranque do Sporting, uma vez que o Benfica resolveu o seu problema, com uma boa primeira parte, embora tenha passado por um susto, porque o Vitória de Guimarães não vai ser uma equipa qualquer nesta temporada. O Sporting vive ainda uma época conturbada por causa do processo eleitoral em curso, foi fazendo o plantel a conta-gotas, e é um facto que ainda não encontrou substituto­s à altura para a saída de dois capitães, como Rui Patrício e William. José Peseiro tem uma missão difícil, a de convencer os seus pupilos de que os tempos são outros e que o Sporting será de novo forte. Há muitos fantasmas a pairar sobre o grupo e não é fácil o trabalho de Peseiro.

Termino esta viagem como a comecei, com o ciclismo, pronto para assistir ao contrarrel­ógio que hoje deve consagrar o grande herói desta Volta a Portugal em Bicicleta.

Há muitos fantasmas a pairar sobre o Sporting e não vai ser fácil o trabalho de Peseiro

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