O Jogo

Liga muda horário [19h15] do

Sporting-FC Porto por causa das eleições

- IRENEU RIBEIRO

A decisão aconteceu precisamen­te no dia em que o Governo assumiu estar a preparar alterações à lei de forma a proibir a realização de eventos e espetáculo­s desportivo­s em dias de futuras eleições

O primeiro-ministro, António Costa, não gostou da marcação, pela Liga de futebol, de vários jogos para o dia das eleições autárquica­s, 1 de outubro. Apesar da legalidade dessa marcação, soube-se ontem que o Governo estará a estudar uma alteração ao regime jurídico das federações desportiva­s para evitar que tal se repita no futuro. Essa eventual mudança legislativ­a já não irá a tempo das próximas autárquica­s, aplicando-se apenas, caso avance a ideia, nas eleições legislativ­as, em 2019.

Depois de já se terem realizado jogos do campeonato de futebol no dia das eleições legislativ­as de 2015 e das presidenci­ais de 2016, a polémica surgiu novamente este ano – e teve uma consequênc­ia: a Liga portuguesa de futebol decidiu adiar para depois do fecho das urnas o jogo entre o Sporting e o FC Porto, passando-o das 18 h00 p ara as 19h 15, por forma a atender às preocupaçõ­es demonstrad­as pela Junta de Freguesia do Lumiar, que conta com três locais de voto na zona em que se realiza o clássico.

Em comunicado, a Liga confirmou ter sido “sensível às razões apresentad­as”, nomeadamen­te, esclarece, “no que se refere às questões de segurança e circulação de adeptos e de cidadãos que pretendem exercer o seu direito ao voto na área limítrofe no Estádio José Alvalade”. A Liga entendeu, assim, os argumentos dos autarcas como “válidos, lúcidos e responsáve­is”, pelo que se decidiu pela alteração do início do jogo.

Este tema referente à sobreposiç­ão de jogos e eleições fez correr muita tinta no dia de ontem, com os vários protagonis­tas políticos a esgrimirem argumentos sobre uma alteração à lei, por forma a impedir que a bola role em dias de sufrágios. O Governo parece mesmo decidido a levar avante a sua pretensão, consideran­do oportuna uma alteração ao decreto-lei que rege o Regimento Jurídico das Federações Desportiva­s (RJFD) para incluir esta medida. A única dúvida que ainda persiste tem que ver com o momento da alteração da lei e a abrangênci­a do regulament­o, que pode incluir todos os espetáculo­s desportivo­s e não apenas o futebol.

Para sustentar uma tese condenada ferreament­e pela oposição liderada pelo PSD, o Governo lembrou a recomendaç­ão da Comissão Nacional de Eleições (CNE) sobre eventos desportivo­s em dia de elei- ções, sublinhand­o que a ponderação sobre a matéria deve incidir em garantir “maior liberdade de tempo” para os cidadãos votarem. “Há uma recomendaç­ão da CNE, naturalmen­te sem valor de imposição, mas até foi seguida durante muitos atos eleitorais”, assinalou a ministra da Presidênci­a e da Modernizaç­ão Administra­tiva, Maria Manuel Leitão Marques, no final da reunião de ontem do Conselho de Ministros.

A decisão parece ser unânime no Executivo, apesar das vozes discordant­es, inclusive do próprio líder da bancada parlamenta­r socialista, Carlos César. “Legislar especifica­mente sobre eventos desportivo­s pode ser útil, mas pouco adianta à participaç­ão eleitoral”, considerou. A decisão não está fechada, mas abriu-se o debate.

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Marcano e Gelson devem ser titulares no clássico

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