Braga não pagou comissões na saída de Rafa para a Luz
Está ao rubro a luta pelo título… mas também a luta pelo quarto lugar. SC Braga e VSC (Guimarães) estão numa luta ponto a ponto pelo lugar que poderá dar (dependendo de quem ganhar a Taça) um acesso direto à fase de grupos da Liga Europa. É bem verdade que, nos últimos anos, o SC Braga tem tido algum monopólio no que respeita ao lugar de acesso europeu, em luta com os ditos “grandes”, sendo necessário recuar nove anos para encontrarmos uma classificação em que o VSC ficou à frente do Braga (2007/08). Por isso, a ideia que tem passado para a opinião pública é a de que este crescimento do SC Braga está muito ligado a um incremento orçamental do Braga, e à sua capacidade de conseguir arregimentar muitas fontes de investimento e de receita e a uma agressividade no que respeita à compra de jogadores. E, nalguns círculos, acusa-se mesmo o Braga de algum despesismo para além da sua capacidade, quando comparado com o seu rival geográfico, o VSC, apontado como um clube que é “espartano” no que se refere a gastos com contratações de jogadores.. Será mesmo assim? Vejamos de seguida.
Foi recentemente publicado o mapa das comissões pagas pelos clubes aos agentes desportivos no âmbito das transferências dos jogadores dos clubes da 1.ª Liga compreendidas no período de 1/abril/2016 a 31/ março/2017. Ou seja, este documento abrange as duas janelas de transferência da época em curso, a do verão e a do inverno. Trata-se de um documento cuja análise é muito interessante, mas que não cabe no curto espaço desta crónica. Ficam, apenas, algumas notas. Desde logo, a grande discrepância dos valores pagos pelo SL Benfica em comissões a agentes desportivos (mais de 30 milhões de euros), quando comparados com o FC Porto (pouco mais de 6 milhões) e Sporting ( 4 897 500 €). Isto seria motivo de boa análise. Mas o que me interessa neste espaço de crónica é comparar os dois rivais que lutam pelo quarto lugar: o Vitória de Guimarães gastou 2 858 600 € em comissões a intermediários e o SC Braga 1 108 719 €. Isto demonstra, desde logo, que aquela ideia de que o Braga gasta muito mais em jogadores e tem uma política de contratações muito agressiva fica desmascarada com estes números. Na verdade, comparar um clube que, como o VSC, tem, ao que sei, um orçamento pouco superior a6 M, e gasta quase 3 M em comissões a agentes por transferências, com o SC Braga, com um orçamento de 17 M, que gasta uns “espartanos” 1 108 719 € diz bem de quem foi mais ou menos agressivo no momento de decidir contratar jogadores. Não quero com isto dizer ou insinuar que a gestão do VSC foi pouco rigorosa ou algo de género (não é essa a imagem que tenho do seu Presidente, bem pelo contrário). Além disso, a época do VSC está a ser boa e isso é um facto. O que pretendo é desmascarar a ideia de que o SC Braga é gastador, agressivo nas contratações e que, no que respeita a contratar jogadores, vais além do que pode. Bem pelo contrário: estes números demonstram bem que, em matéria de contratações, foi comedido e proporcional, face ao orçamento de que dispõe para a época. Demonstram também que, como sempre afirmou, não pagou qualquer comissão pela transferência do Rafa para o SL Benfica, pois os tais 10% sobre os 16 milhões da transferência, só isso ultrapassaria o total do ano.