Luís Freitas Lobo
ATaça e seus alçapões colocados pelas equipas pequenas, disfarçados de tomba-gigantes sonhadores, colada, em dias seguintes, com a faraónica Liga dos Campeões onde mandam os gigantes, sem disfarces. Do duelo Jesus-Rui Silva (um observador subitamente tornado treinador por uma noite em Famalicão) ao duelo Jesus-Tuchel (o novo treinador da moda no futebol alemão e, até, europeu, pelos métodos inovadores que preconiza). Mundos tão distantes que se tocam no infinito duelo de contrastes que torna fascinante o futebol. Este Dortmund de Tuchel tem uma cultura de jogo de que gosto mais do que a de velocidade pura do ataque rápido de Kloop. É mais equipa no sentido de perceber... diferentes tipos de jogo possíveis. Mais temporizador e de controlo e não só de pressão e saída rápida. Ou seja, percebe que a velocidade não é tudo, embora a característica de meter essa velocidade como primeiro instinto possa levar a essa impressão. Está desfalcado em algumas pedras-base e embora isso não trave o pensar da ideia, pode condicionar o explanar da ideia. O Sporting de Jesus tem de viver este jogo como importante para o... campeonato nacional. Isto é, são jogos que fazem crescer a equipa por dentro. Dão-lhe um
Sporting e FC Porto, Jesus e Nuno, Taça e Champions. Entre o chip tático de domínio e o chip tático de controlo
estatuto e um ego decisivo para depois perceber melhor a diferença de realidades para o plano interno e como o devem encarar. A dificuldade está sempre, na fórmula-Jesus, de passar de um chip tático de controlo (como terá de ser com o Dortmund) para um chip tático de domínio (como sucede na maioria dos jogos nacionais). Bruno César na zona central pode ser, de novo, a chave da equação. Nuno manteve quase o seu onze base contra o “Liliput da Gafanha” mas percebe-se a intenção de (sem jogar há uma semana) querer dar minutos de criação de rotinas a alguns sectores e jogadores do onze que cada vez mais se estabiliza no 4x1x3x2. Esse “2” do sistema é o aliciante “projeto Jota-André Silva”. Fazêlos jogar em dupla e não ao mesmo tempo na frente de ataque, eis o desafio. Penso que, nesta crescente mecanização que se pretende... não mecanizada (para não criar vícios de movimentos) nenhum será o n.º9 de referência. A tendência é identificar mais esse numero com André Silva, mas Jota não é jogador para jogar só nas costas. É mais para aparecer desde as costas (do n.º9, claro). Ou seja, o respeito entre os dois, a crescer simultaneamente, será fundamental. Não crescerem competindo entre eles na frente de ataque, mas sim crescendo juntos nesse entendimento de quem fica atrás de quem a cada jogada. Lado a lado só na estrutura, no início, antes da bola começar a rolar no grande círculo.