O caso Hugo Sancho
Hugo Sancho foi expulso da Volta a Portugal por ir agarrado a um carro. É essa a pena prevista para a infração cometida e não vou debater a justiça da decisão, que geralmente é inatacável, mas sim tentar explicar o que gera polémicas e leva muitos a descobrir que, afinal, há árbitros no ciclismo. Etapas como a de ontem, com uma montanha dura ao meio, são diabólicas para corredores e comissários. A maioria perde o contacto com o pelotão e vale quase tudo para recuperar o terreno perdido, sob pena de hipotecar uma classificação ou chegar fora do controlo de tempo. As infrações são de três tipos: uns fazem meio fundo atrás dos carros, outros agarram o bidão que o diretor desportivo ou o mecânico lhes exibem desde a janela do automóvel e os mais atrevidos ou desesperados agarram-se aos carros. As penas vão da multa à expulsão. Se esta parte é pacífica, o restante é polémico. Primeiro, porque os comissários não conseguem vigiar dezenas de corredores, espalhados por vários quilómetros de estrada; logo, há infratores sem penalização. Depois, porque equipas e até público conseguem encontrar uma moral nestas ocasiões: o corredor que apenas tenta manter-se em prova não comete o mesmo “crime” daquele que se agarra para depois lutar por uma classificação. Hugo Sancho queria continuar na corrida; Franco Pellizotti é o 20.º da geral e ajudou um colega a discutir o sprint de Viseu. Segundo a LA-Antarte, cometeram ambos a mesma infração. É fácil perceber a moral da história. Também sei, porque já o vi, que geralmente os estrangeiros são mais atrevidos do que os portugueses na hora de deitar a mão ao carro. Mas para os árbitros a moral não existe. Logo, não ficaria bem à LAAntarte abandonar a Volta devido a este caso.