Gil na 1.ª com Justiça de 2.ª?
Referimo-nos ao mais recente caso do futebol português (agora o Gil Vicente, antes o Boavista). Segundo os órgãos de Comunicação Social, o Tribunal considerou nula a decisão que ditou a descida de divisão do Gil Vicente. Genericamente, porque, afinal, o clube podia ter recorrido aos tribunais civis para pôr em cheque uma norma de um regulamento desportivo que, em teoria, devia ter sido resolvida somente pela justiça desportiva. Não nos pronunciamos quanto ao mérito da causa, isto é, saber se foi bem ou mal decidido (a decisão ainda não é definitiva). Porém, quando vier a sê-lo, e no pressuposto que o sentido de decisão será o mesmo, daremos de caras com uma dura realidade: já passaram dez anos desde que o problema existiu! Entretanto, vários acontecimentos sociais aconteceram: o presidente dos Estados Unidos da América foi a Cuba, foi nomeado um novo papa, espiões portugueses foram detidos, a França foi alvo de ataques terroristas, a presidente do Brasil foi destituída, o Cristiano Ronaldo ganhou tudo o que havia para ganhar pela sua equipa, o Boavista foi reintegrado na I Liga, e o Gil Vicente já subiu e desceu de divisão. Na verdade, uma atividade que gera tanto dinheiro e paga tantos impostos ser servida por uma justiça que demora dez anos a decidir um processo parece uma anedota. Mas não é! No futebol, dez anos não é muito tempo, é uma eternidade! Mas por que razão isto acontece? Porque, em nossa opinião, temos um modo de ser ou estar que condiciona a tomada de decisão. Não pretendemos uma justiça para o futebol melhor que qualquer outra. Mas, pelo menos, mais rápida e, sobretudo, que provoque o mínimo de desgaste na imagem do futebol português. Na verdade, a questão é transversal a outras áreas da sociedade portuguesa que, regra geral, é bem melhor a lamentar do que a reivindicar. Por isso, temos a justiça que merecemos.
Uma atividade que gera tanto dinheiro e paga tantos impostos ser servida por uma justiça que demora dez anos a decidir um processo parece uma anedota