Novo plano de recuperação ‘trava’ processo de venda
Findo o leilão, há uma proposta de venda no valor de 1.950.000,00, mas, neste momento, nada avança sem a decisão do tribunal face ao novo plano de recuperação apresentado pela empresa insolvente.
Café Relógio fechou portas em 2020 e, desde então, continua entregue à sua própria degradação.
É caso para dizer que ‘não anda nem desanda’ o processo de venda do emblemático Café Relógio, na Camacha. Neste momento, está tudo parado à espera que o tribunal decida se será aceite ou não o novo plano de recuperação apresentado, em setembro do ano passado, pela empresa insolvente.
Recorde-se que depois de, em agosto de 2020, a proprietária do Café Relógio, empresa Silva & Freitas, ter sido declarada insolvente, em setembro de 2023 o edifício foi posto à venda por um valor base de 2,4 milhões de euros, através de um leilão eletrónico, conduzido pela Leilosoc (leilosoc.com).
O leilão findou em outubro, houve uma proposta, mas, volvidos cinco meses, os avanços são poucos. “Tivemos uma proposta de compra formalizada, no valor de 1.950.000,00, e uma caução paga. Estava tudo encaminhado para que a venda acontecesse. No entanto, o insolvente – empresa Silva & Freitas – apresentou um novo plano de recuperação”, afirmou ao JM a Leilosoc.
Ora, a apresentação deste novo plano implica, conforme elucidou, a suspensão da liquidação da massa insolvente. “Portanto, tudo o que foi feito até agora ficou em suspenso por força deste pedido”, disse, assinalando também “uma grande demora na tramitação do processo por parte do tribunal”.
A leiloeira vinca que o interessado que fez a proposta de 1.950.000,00 euros mantém-se “disponível para concretizar o negócio”, mas, por enquanto, tudo está pendente a aguardar decisão do juiz.
Pese embora admita não estar surpreendida com a apresentação do plano por parte da insolvente, a entidade faz questão de lembrar que o primeiro plano de recuperação, apresentado pela insolvente há mais de dois anos, já tinha merecido recusa.
Ademais, a Leilosoc dá nota de que “a proposta de 1.950.000,00 acomodaria, em grande medida, todos os valores reclamados pelos credores em sede do processo – trabalhadores, segurança social, autoridade tributária, entre muitos outros”.
Ao mesmo tempo que, alerta, a situação “se arrasta, o imóvel deteriora-se de dia para dia, pelo que o atrasar da decisão de venda poderá traduzir-se num custo de oportunidade difícil de sanar”.
Por agora, resta esperar pela resposta do tribunal que deverá decidir então se aceita ou não o novo plano de recuperação apre
sentado pela empresa insolvente. Sendo que, caso seja aprovado, a venda não se vai concretizar, mantendo-se o património na esfera da massa insolvente. Neste caso, mesmo que seja admitido, podem os credores pedir a não homologação como, aliás, já aconteceu anteriormente. Porém, se for rejeitado, pode ser dada luz verde à venda.
“Mas, neste momento, está tudo nas mãos do tribunal”, rematou.
Certo é que volvidos quase 4 anos desde a apresentação da petição e da declaração de insolvência, o imóvel vai, de facto, se degradando paulatinamente, sem que haja grandes progressos.
De lembrar que, nos seus tempos áureos, o icónico Café Relógio, inaugurado em 1896, era uma das principais atrações da freguesia, fechou portas em 2020, continuando entregue à sua própria degradação.
Além da obra de vimes, que podia ser vista na fábrica e no museu que ali existiam, a atração contemplava ainda um bar, um restaurante e uma estalagem, numa área total de 3.014,00 m2, distribuída por sete pisos.
Refira-se que o JM procurou contactar o empresário Ivo Correia, o qual não quis prestar declarações ao Jornal.