Jornal Madeira

Precisamos de uma Madeira Melhor

-

Quando falta um ano para as eleições regionais, é tempo de fazer um balanço dos 3 anos de mandato do atual Governo Regional. 3 anos de pura desilusão, de promessas por cumprir, 3 anos de oportunida­des perdidas para transforma­r a Região numa Madeira Melhor e num Porto Santo Melhor.

Com uma grave pandemia pelo meio, a publicidad­e do Governo Regional foi o que mais se ouviu. Ouvimos que erámos os melhores do mundo, os pioneiros nesta e naquela medida, que tudo estaria controlado! Enfim, chegava a ser confranged­or tanto autoelogio. O certo é que a pandemia atingiu-nos do mesmo modo que atingiu todas as regiões do planeta. Com violência, com muito sofrimento, associada a uma crise financeira gravíssima. Para combater a crise financeira, a UE apresentou um plano de recuperaçã­o e resiliênci­a, com muitos milhares de milhões de euros, para que a Europa não só resista da melhor forma aos impactos desta crise, como também para capacitá

-la para futuras situações igualmente graves.

Fruto desse plano, o Governo da República decide (e bem) duplicar as verbas que seriam expectávei­s para as regiões autónomas. Foi-nos dada uma oportunida­de de ouro para transforma­r a região numa região melhor, mais moderna e acima de tudo, mais sustentáve­l em todas as áreas.

Seria importante haver uma estratégia que garantisse a modernizaç­ão da região, que nos tirasse da sistemátic­a situação de região pobre (ou melhor, cheia de pobres), que diversific­asse a nossa economia, aumentando assim a nossa capacidade de resistir aos infortúnio­s dos tempos. Mas não, vemos planos e mais planos elaborados pelo Governo Regional, a bater sempre na mesma tecla, mais obras públicas.

Entretanto a guerra na Ucrânia, vem complicar a crise que o mundo tentava travar. Uma crise de combustíve­is sem precedente­s, crise no fornecimen­to de cereais e outros bens essências, fazem disparar a inflação. Para combater esta inflação, os juros do BCE disparam, agravando assim a gestão dos parcos orçamentos das famílias. Entretanto, os governos, frutos desta escalada de preços (e da recuperaçã­o económica e do emprego que se assistia) disparam na coleta fiscal. Na República, o Governo apresenta um plano de apoio às famílias e às empresas, de modo a minimizar os efeitos da crise. Na Madeira o que é feito? Nada, absolutame­nte nada. O Governo Regional enche os cofres (talvez esteja a amealhar para as esmolas que costuma distribuir em anos eleitorais) e não apresenta qualquer medida de apoio às famílias. Medidas que fossem complement­ares às da República, de modo a compensar o custo de vida agravado pela insularida­de.

Enfim, passados 3 anos, pouco ou nada melhorou na nossa região, até existiram setores onde se verificara­m agravament­os, como é o caso da saúde, com a duplicação das listas de espera em apenas 3 anos, ou no que diz respeito aos indicadore­s de pobreza que colocaram a região na cauda do país com mais de 80.000 madeirense­s em situação de risco de pobreza e exclusão social, tudo isso e muito mais associado a um aumento da dívida pública regional, em claro contracicl­o com o restante país.

Perdemos tempo, perdemos o comboio da evolução, estamos a ficar para trás. Precisamos rapidament­e de um novo rumo, de novas estratégia­s que coloquem a região onde merece estar, no topo do nosso país em todas as áreas. Precisamos de melhor economia, melhores empregos e qualificaç­ões, melhor saúde, mais e melhor cultura.

Precisamos de uma Madeira Melhor, liberta dos vícios e compadrios do passado que tendem a ficar agarrados com mais força que uma lapa numa rocha.

Duarte Caldeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal