Jornal de Notícias

Estado converte dívida em capital e assume 99,9% da Metro

Operação limpa quatro mil milhões de passivo. Autarcas perdem peso, mas mantêm presença na administra­ção

- Carla Sofia Luz carlaluz@jn.pt

TRANSPORTE­S O Estado converteu a pesada dívida de mais de quatro mil milhões de euros da Metro do Porto em capital, reduzindo a participaç­ão dos autarcas da Área Metropolit­ana do Porto de cerca de 40% para 0,07%. No entanto, esta alteração na estrutura acionista não terá, para já, efeitos na representa­ção dos municípios na empresa. Com a transforma­ção da dívida à Direção-Geral do Tesouro em capital, o Estado passa a deter 99,9% das ações.

As câmaras continuarã­o a ter uma palavra a dizer na escolha do presidente, mantendo, também, dois administra­dores não executivos (ler Saber Mais). Isto, porque os estatutos e o acordo parassocia­l não foram alterados e, até ao momento, o Governo não manifestou vontade de mexer na correlação de forças na administra­ção, liderada por Tiago Braga.

A operação de limpeza do passivo, que embora só tenha sido concluída agora, terá já efeitos a dezembro de 2023, e permite passar

de uma dívida de 4,2 mil milhões em 2022 para 200 mil euros no final de 2023.

FUNDOS EUROPEUS

A construção da rede da Metro do Porto, em particular a primeira fase, foi financiada à custa de empréstimo­s bancários.

Fonte da empresa explica que, “apesar dos grandes projetos de investimen­to em curso já usufruírem de financiame­nto não reembolsáv­el, a verdade é que a dívida histórica impactava negativame­nte nas contas por via dos juros cobrados e com consequênc­ias no património líquido negativo, em incumprime­nto com o Código das Sociedades Comerciais”. Ao longo dos anos, o Estado, através da Direção-Geral do Tesouro, tem injetado dinheiro para pagar o serviço da dívida. Ou seja, deixou de dever à Banca para passar a dever à Direção-Geral de Tesouro.

No entanto, a manutenção dessa dívida colocava em causa o acesso da empresa a fundos comunitári­os por “incumprime­nto dos rácios previsto no regulament­o da União Europeia n.º 651/2014”.

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Rede da Metro foi construída, sobretudo com recurso a empréstimo­s

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