Lipor aposta na produção de energia com restos de comida
Objetivo é construir Central de Digestão Anaeróbia em Gondomar. Até lá, vão surgir unidades mais pequenas
PÓVOA DE VARZIM A Lipor quer arrancar com a produção de biogás a partir de restos de comida. A recolha de resíduos orgânicos tem vindo a crescer e a nova Central de Digestão Anaeróbia, que vai ficar situada em Baguim do Monte, Gondomar, é a resposta. Vai custar 55 milhões e a empresa intermunicipal que gere os resíduos de oito concelhos da Área Metropolitana do Porto está à procura de financiamento. Até lá, aposta-se em projetos mais pequenos. A Póvoa de Varzim tem, agora, a primeira Unidade de Microdigestão de Resíduos e já está a transformar restos de comida em eletricidade. Outras podem surgir. Matosinhos será a próxima.
“Tem capacidade de 2,5 toneladas/dia, o que equivale a 900 toneladas/ano de resíduos alimentares, provenientes quer da recolha residencial porta-a-porta, quer do projeto Horeca [dos restaurantes]”, disse o presidente da Lipor, José Manuel Ribeiro, antes da visita à unidade poveira, em Laúndos.
CENTRAL ESGOTADA
O também presidente da Câmara de Valongo explica que a recolha de resíduos orgânicos tem vindo a crescer, fruto do alargamento do porta-a-porta e do Horeca, pelo que é preciso encontrar novas formas de valorização. Até agora, a Lipor contava apenas com a Central de Valorização Orgânica, com capacidade para receber 60 mil toneladas/ano, que são transformados em 13 mil toneladas de adubo 100% orgânico, o Nutrimais.
Mas a verdade é que, frisa José Manuel Ribeiro, a central “está esgotada”.
A nova Central de Digestão Anaeróbia terá capacidade para 60 mil toneladas/ano com as quais estima produzir, anualmente, quatro milhões de m3 de gás, o suficiente para alimentar cerca de oito mil famílias. O presidente da Lipor admite que o projeto é “ambicioso, mas é preciso “procurar apoios, nomeadamente através de fundos comunitários”.
MENOS 10 CAMIÕES POR DIA
Até lá, as “pequenas” unidades de Microdigestão de Resíduos podem ser uma solução. Na Póvoa abriu a primeira. Recebe todos os restos de comida da recolha porta-a-porta. Custou 760 mil euros e já produz eletricidade: 20% alimenta o espaço, a restante é injetada na rede. Para além do “lucro” – que alimenta cerca de 50 famílias –, “são menos dez camiões a ir à Lipor todos os dias”, frisa o presidente da Câmara da Póvoa, Aires Pereira.