Só a subida do custo de vida reduz otimismo nos carrosséis
Algumas câmaras municipais estão a ajudar com redução do valor das taxas
“Estamos com expectativas muito altas, já que as receitas estão a superar as de antes da pandemia”
Luís Paulo Fernandes Presidente da APIC
Tal como as empresas de pirotecnia, feirantes e empresários ligados às diversões e aos comes e bebes também estão expectantes em relação às romarias, festas e feiras que aí vêm. No entanto, temem que o aumento do custo de vida lhes prejudique o negócio.
“Alguns feirantes até podem nem comparecer nas festividades devido ao preço a que estão os combustíveis”, prevê Joaquim Santos, presidente da Federação Nacional das Associações de Feirantes (FNAF). Além desta preocupação, o presidente da Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados (APIC), Luís Paulo Fernandes, acrescenta a “contenção nos gastos” provocado pela guerra na Ucrânia.
“As pessoas estão com vontade de sair, querem beber um copo, divertir-se, comer uma fartura, andar nos carrosséis, mas nota-se que estão a olhar muito para os preços e a fazer muitas contas”, precisa Luís Paulo Fernandes. Há dias, estando na bilheteira de uma montanha-russa, apercebeu-se que “em 100 pessoas só 10 gastavam sem olhar para a carteira”.
Todavia, o dirigente da APIC prevê que o primeiro semestre deste ano possa acabar com um balanço muito positivo, “melhor, até, que o que acontecia antes da pandemia”. O 2022 até poderia ser “excecional” se não houvesse uma guerra na Europa.
Luís Paulo Fernandes salienta também que há vontade de algumas câmaras para ajudar a reerguer o setor. Dá o exemplo da de Aveiro, que só cobrou “metade do valor” das taxas de licenciamento e ocupação do espaço, e da do Porto, que poderá vir a proporcionar “um desconto de 100%”, mas “entregando às associações a organização dos eventos e respetivos custos”. “Se todas as câmaras seguissem este caminho, poderíamos estar perante indicadores excecionais e nunca vistos”, realça.
MOMENTO DIFÍCIL
Joaquim Santos entende que se as pessoas passarem a privilegiar as compras nos feirantes, que são “mais tradicionais e de proximidade”, também poderão “ajudá-los a superar este momento difícil”.
O dirigente da FNAF, que agrega mais de cinco mil feirantes em todo o país, acredita que “a crise não vai derrubar estas pessoas”, que há muitos anos fazem profissão desta atividade. Isto “apesar de alguns já terem ficado pelo caminho” e terem sido “obrigados a mudar de profissão ou a emigrar”.