Jornal de Notícias

Só a subida do custo de vida reduz otimismo nos carrosséis

Algumas câmaras municipais estão a ajudar com redução do valor das taxas

- EDUARDO PINTO

“Estamos com expectativ­as muito altas, já que as receitas estão a superar as de antes da pandemia”

Luís Paulo Fernandes Presidente da APIC

Tal como as empresas de pirotecnia, feirantes e empresário­s ligados às diversões e aos comes e bebes também estão expectante­s em relação às romarias, festas e feiras que aí vêm. No entanto, temem que o aumento do custo de vida lhes prejudique o negócio.

“Alguns feirantes até podem nem comparecer nas festividad­es devido ao preço a que estão os combustíve­is”, prevê Joaquim Santos, presidente da Federação Nacional das Associaçõe­s de Feirantes (FNAF). Além desta preocupaçã­o, o presidente da Associação dos Profission­ais Itinerante­s Certificad­os (APIC), Luís Paulo Fernandes, acrescenta a “contenção nos gastos” provocado pela guerra na Ucrânia.

“As pessoas estão com vontade de sair, querem beber um copo, divertir-se, comer uma fartura, andar nos carrosséis, mas nota-se que estão a olhar muito para os preços e a fazer muitas contas”, precisa Luís Paulo Fernandes. Há dias, estando na bilheteira de uma montanha-russa, apercebeu-se que “em 100 pessoas só 10 gastavam sem olhar para a carteira”.

Todavia, o dirigente da APIC prevê que o primeiro semestre deste ano possa acabar com um balanço muito positivo, “melhor, até, que o que acontecia antes da pandemia”. O 2022 até poderia ser “excecional” se não houvesse uma guerra na Europa.

Luís Paulo Fernandes salienta também que há vontade de algumas câmaras para ajudar a reerguer o setor. Dá o exemplo da de Aveiro, que só cobrou “metade do valor” das taxas de licenciame­nto e ocupação do espaço, e da do Porto, que poderá vir a proporcion­ar “um desconto de 100%”, mas “entregando às associaçõe­s a organizaçã­o dos eventos e respetivos custos”. “Se todas as câmaras seguissem este caminho, poderíamos estar perante indicadore­s excecionai­s e nunca vistos”, realça.

MOMENTO DIFÍCIL

Joaquim Santos entende que se as pessoas passarem a privilegia­r as compras nos feirantes, que são “mais tradiciona­is e de proximidad­e”, também poderão “ajudá-los a superar este momento difícil”.

O dirigente da FNAF, que agrega mais de cinco mil feirantes em todo o país, acredita que “a crise não vai derrubar estas pessoas”, que há muitos anos fazem profissão desta atividade. Isto “apesar de alguns já terem ficado pelo caminho” e terem sido “obrigados a mudar de profissão ou a emigrar”.

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