Assembleia de cinco horas não finalizou venda da Coelima
Muita discussão e controvérsia porque os credores não conheciam propostas de compra. Decisão foi adiada para dia 25
As mais de cinco horas de Assembleia de Credores da fábrica têxtil Coelima, de Guimarães, não concluíram o processo de venda da empresa a nenhum dos proponentes. Tudo porque uma grande parte dos credores não conhecia o conteúdo das propostas de compra da empresa, pois o administrador de insolvência, Pedro Pidwell, não as juntou aos autos. A intenção de venda foi aprovada por 96%, mas só no próximo dia 25 é que se decide a quem vender. Até lá, 253 famílias estão em suspenso.
Uma boa parte dos credores entrou ontem, às 10 horas, no Tribunal de Guimarães, sem saber o que ia votar. Inicialmente, eram três propostas, mas a terceira chegou fora de prazo e as duas válidas apenas eram conhecidas pela Comissão de Credores, que não integra todos os votantes.
Perante as críticas feitas por alguns credores, Pedro Pidwell respondeu que não queria que as informações do negócio “fossem parar aos jornais, às rádios e por aí”, mas acabou por ser obrigado pela Assembleia de Credores a aceitar novo prazo para apresentação de outras propostas que terão de ser divulgadas ao tribunal.
PROPOSTAS
Ou seja, até segunda-feira, os três consórcios e empresas que apresentaram propostas (ver ao lado) podem reformulá-las e podem ainda surgir novos interessados. No dia 22, as propostas passam a ser públicas e, no dia 25, a Assembleia de Credores reúne em nova sessão para deliberar a quem é vendida a Coelima.
No final, aos jornalistas, Pedro Pidwell disse que contava decidir apenas com a comissão de credores qual era a proposta vencedora, mas “a Assembleia de Credores entendeu que deveria ser ela a pronunciar-se”. Para já, é certo que a Coelima não vai para liquidação pois a venda foi aprovada por 96% dos credores, mas falta saber quem a compra.
De resto, a Assembleia de Credores foi pródiga em atrasos e discussões. Entre lapsos na votação por parte da juíza, problemas técnicos na audição, contratos e propostas de última hora, os credores ficaram mais de cinco horas no tribunal para aprovar a intenção de venda que, à partida, já era adquirida pois ninguém quer a liquidação da histórica têxtil.
Perto do final, o advogado João Magalhães manifestou à juíza o desagrado pela delonga.
Uma vez que a massa insolvente não tem dinheiro para pagar os salários de junho aos 253 trabalhadores, a empresa fecha se não for vendida até ao fim do mês.