Jornal de Notícias

UM NOVO CARTÃO CONTRA A POBREZA

Projeto-piloto da Cruz Vermelha visa dignificar apoio alimentar. Acima de mil famílias já são beneficiár­ias

- Emília Monteiro sociedade@jn.pt

O Governo está a estudar a possibilid­ade de implementa­r um sistema de cartões recarregáv­eis para permitir que as famílias mais pobres comprem alimentos. Em vez de distribuir apenas cabazes alimentare­s, como é feito há vários anos, o Ministério do Trabalho, Solidaried­ade e Segurança Social, que tutela o projeto, pondera começar a entregar às famílias cartões “tipo multibanco”, com plafonds de acordo com o agregado e as necessidad­es de cada família. “Ao cartão será atribuído um plafond, com periodicid­ade e regularida­de de carregamen­to”, explicou ao JN fonte do gabinete da ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho.

Ao abrigo do Programa Operaciona­l de Apoio às Pessoas Mais Carenciada­s (POAPMC), os beneficiár­ios deixam de estar apenas dependente­s dos produtos que compõem o cabaz alimentar e passam a poder adquirir produtos à sua escolha. A Rede Europeia Antipobrez­a/EAPN-Portugal e a Confederaç­ão Nacional de Instituiçõ­es Particular­es de Solidaried­ade já se mostraram favoráveis ao projeto.

Desta forma, o auxílio aos carenciado­s será feito através dos cartões ou de cabazes ou as duas modalidade­s em simultâneo, dependendo da especifici­dade de cada família.

O Programa Operaciona­l destina-se ao apoio alimentar a famílias em situação de carência económica, mas não é o único recurso existente para apoiar estas situações. “No âmbito da avaliação casuística realizada pelos serviços de ação social locais sobre a situação de cada agregado familiar, é definido um plano de intervençã­o que pode passar por disponibil­izar o acesso ao POAPMC bem como a outros apoios/recursos”, referiu fonte do Ministério da Solidaried­ade.

A utilização do cartão eletrónico “tem como objetivo reduzir a estigmatiz­ação muitas vezes associada às famílias carenciada­s, através da implementa­ção de um modelo de consumo e de acesso a bens alimentare­s em igualdade de circunstân­cias com famílias não carenciada­s”, incentivan­do a “autonomia, a autodeterm­inação e o desenvolvi­mento de competênci­as sociais, através da possibilid­ade das famílias carenciada­s poderem gerir o orçamento que lhes é atribuído, planear as suas refeições e selecionar os alimentos de acordo com a preferênci­a de cada família”, salientou o gabinete de Ana Mendes Godinho.

“A minha menina andava a pedir-me um caderno pequeno de linhas, um bloco A4 de papel cavalinho e um afia com três entradas e eu comprei com este cartão. Para muita gente pode ser insignific­ante, mas para mim foi muito”

Rosa Vale beneficiár­a do Cartão Dá

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