Despedimento coletivo de 150 trabalhadores na Petrogal
Galp diz não ter “outra alternativa” e avança com processo na refinaria da Petrogal em Matosinhos. Empresa afirma ter acordo com 40% do pessoal
“Não nos resta outra alternativa senão dar dar início a um processo de despedimento coletivo [na Petrogal]”, assegura Carlos Silva, administrador da Galp, realçando que a empresa manterá “esforços” para “encontrar soluções e acordos por via de consenso entre as partes”. A intenção de envolver cerca de 150 trabalhadores num processo de despedimento coletivo foi comunicada ontem ao início da tarde, em Lisboa, ao coordenador da Comissão de Trabalhadores da refinaria de Matosinhos.
A solução prende-se no facto de a Galp ter terminado as operações de refinação em abril. A última unidade de produção fechou na semana passada. “Infelizmente, não conseguimos encontrar solução para cerca de 150 trabalhadores”, afirma Carlos Silva à Lusa. A empresa diz ter chegado a acordo com 40% dos 401 trabalhadores do complexo.
A decisão foi recebida sem surpresa pelos sindicatos, que tinham vindo a alertar para esta possibilidade desde que a empresa anunciou, em dezembro do ano passado, que iria concentrar a refinação de combustíveis em Sines.
Aliás, para Telmo Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energias e Atividades do Ambiente (Site-Norte), continua a ser “inadmissível” a “despreocupação e desrespeito com que o Governo olha para esta situação”.
“Mas já percebemos que a transição energética vai ser feita neste ‘modus operandi’”, critica o sindicalista.
GALP FICA COM 100
Os 150 funcionários envolvidos neste processo exercem atividades por todo o complexo de Leça da Palmeira, desde “manutenção, operadores de processo e técnicos de laboratório”, refere Telmo Silva.
De acordo com o administrador da Galp, Carlos Silva, 100 trabalhadores “continuarão a sua atividade, quer no parque logístico de Matosinhos, que manterá as suas funções de abastecimento ao mercado de combustíveis do Norte do país, quer por via da mobilidade interna para as áreas das renováveis, inovação, novos
Telmo Silva Dirigente Site-Norte
“Sabemos como as coisas funcionam e já tínhamos alertado para isto. A Galp não está interessada em manter os postos de trabalho”
negócios e também para a refinaria de Sines”. No início do mês de abril, em resposta ao JN, a Galp referiu que não tinha sido realizada “qualquer transferência de serviços para Sines”.
Durante as próximas duas semanas decorrerão reuniões entre a Comissão de Trabalhadores e a empresa para “tentar encontrar soluções”. No fim dessa ronda, cada trabalhador será informado individualmente e formalmente de que está inserido num processo de despedimento coletivo, explicou Telmo Silva.
LÍTIO “RELEVANTE”
Sobre o futuro dos terrenos, o administrador da Galp disse que as características impostas pelo Plano Diretor Municipal (PDM) serão objeto de “respeito absoluto”, acrescentando que as soluções em estudo estarão alinhadas com os princípios da transição energética.
Carlos reforçou que “a cadeia de valor das baterias é um aspeto fulcral”, assumindo o lítio “uma posição relevante” e, por isso, a empresa está a “procurar soluções para desenvolver essa cadeia de valor”.