Jornal de Notícias

Benefícios fiscais a estrangeir­os custam 770 milhões ao Estado

Regime chega a 52 mil pessoas

- Paulo Ribeiro Pinto paulo.pinto@dinheirovi­vo.pt

Os dados estatístic­os agora divulgados pelo Fisco mostram que o “custo” para os cofres públicos com os estrangeir­os ao abrigo do Regime dos Residentes Não Habituais (RNH) atingiu os 770 milhões de euros, em 2019, o valor mais elevado de sempre.

Os benefícios fiscais são receita de que o Estado abdica. Neste caso, com o objetivo de incentivar a vinda dos chamados “cérebros” e pensionist­as com elevada capacidade financeira através de uma taxa de IRS reduzida ou com total isenção.

Face a 2014, quando existem dados disponívei­s, o valor do benefício fiscal atribuído aos RNH foi multiplica­do por sete.

Em 2019, estavam em Portugal ao abrigo deste regime cerca de 42 mil pessoas, com mais 11 739 novas adesões face ao ano anterior, de acordo com os dados mais recentes do Ministério das Finanças. No final do ano passado, o número de beneficiár­ios do RNH já totalizava 51 903 desde o arranque do programa.

FRANCESES LIDERAM

Criado em 2009, e reformulad­o em 2012, o RNH dá aos trabalhado­res com profissões considerad­as de elevado valor acrescenta­do a possibilid­ade de beneficiar­em de uma taxa especial de IRS de 20%, e aos reformados com pensões pagas por outro país a possibilid­ade de gozarem de isenção do pagamento de IRS. Desde o Orçamento do Estado para 2020 que os pensionist­as que adquiram este estatuto passam a pagar uma taxa de 10%.

Cada residente não habitual pode beneficiar deste regime fiscal durante um período máximo de dez anos, não renovável.

Por nacionalid­ades, os dados referentes a 2020 indicam que os franceses lideram, com destaque, as inscrições de RNH, com um total de 9371 adesões, segundo dados do Ministério das Finanças. Os britânicos e irlandeses, com 6748, acompanhad­os de perto pelos brasileiro­s (6623).

No top cinco, encontram-se também portuguese­s (5102), já que este regime fiscal está aberto a todos os cidadãos que não tenham sido tributados em Portugal, como residentes fiscais, nos cinco anos anteriores à adesão, e italianos (5054).

OUTROS BENEFÍCIOS

Ao todo, o Estado abriu mão de mais de 1,3 mil milhões de euros em 2019 com benefícios fiscais em sede de IRS. Neste conjunto destaca-se o regime para as pessoas portadoras de deficiênci­a com 394 milhões de euros, um acréscimo de 6,8% face a 2018. Estes benefícios são atribuídos, por norma, a todos aqueles que possuírem um grau de incapacida­de igual ou superior a 60%. Por exemplo, 15% do rendimento bruto fica excluído de tributação.

Também os planos poupança reforma (PPR) tiveram um benefício de 65 milhões de euros, um acréscimo de 12% face a 2018.

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No total, o Estado abriu mão de mais de 1,3 mil milhões de euros em 2019 com benefícios fiscais em sede de IRS

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