Produtores de Alvarinho de novo em guerra
Melgaço Câmara diz que minhotos foram traídos por presidente da CVRVV e exige a demissão
A rotulagem dos vinhos Alvarinho produzidos na Região Demarcada dos Vinhos Verdes voltou a fazer estalar a guerra pela exclusividade, que tinha sido sanada com um acordo em 2015, entre produtores de Monção e Melgaço e os de fora do território.
Ontem, o presidente da Câmara de Melgaço, Manoel Batista, acusou, em nome dos produtores da sub-região, o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), Manuel Pinheiro, de “traição” e exigir a sua demissão, por permitir que “grandes produtores” de fora do território usem “indevidamente” nos rótulos dos seus alvarinhos o selo “Vinho Verde”, que segundo o acordo deveria manter-se exclusivo de Monção e Melgaço até 2021, com o objetivo de os colocar no mercado externo.
O presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, Manuel Pinheiro, confirma o uso do selo em produção alheia à região alto-minhota, mas porque o vinho é feito com uvas de Monção e Melgaço.
“Havia uma regra importante que era o período de transição estabelecido no acordo. Ou seja, durante seis anos ninguém poderia, fora da sub-região Monção Melgaço, rotular Alvarinho Vinho Verde. Mantinha-se a exclusividade nesta sub-região, mas percebemos que foi alterada e que foi atropelado o acordo, com empresas de fora já a rotular e a colocar no mercado externo, se calhar para esconder”, declarou o autarca Manoel Batista, considerando que “houve má fé em todo o processo”. Além do afastamento de Manuel Pinheiro, o edil reclama “a alteração da legislação para que se respeite o que foi combinado no acordo”.
Em causa, no diferendo, estará vinho Alvarinho, eventualmente produzido pela Quinta da Aveleda (Penafiel). “Há uma grande confusão do autarca. Sempre existiu Vinho Verde Alvarinho na região porque são produtores que vão a Monção e Melgaço comprar uvas”, explicou Manuel Pinheiro da CVRVV afirmando: “Já identificamos os produtores que estão na origem disto e é vinho 100% da região”.
O presidente da Câmara de Melgaço está mais preocupado com o seu calendário eleitoral do que com as questões do vinho”
Manuel Pinheiro presidente da CVRVV
Quinta da Aveleda é uma das empresas que vende Alvarinho para o estrangeiro